Novo Repartimento gastou quase R$ 66 milhões com locações de veículos e máquinas

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Um levantamento exclusivo realizado com base em 16 documentos públicos da Prefeitura revela que, entre janeiro de 2024 e abril de 2025, o município destinou R$ 65.840.262,55 apenas com locações de veículos, caminhões, embarcações e máquinas pesadas. Os contratos atendem, principalmente, às demandas de transporte escolar e apoio administrativo.

Enquanto milhões são repassados a um pequeno grupo de empresas, a realidade enfrentada por professores e alunos em algumas escolas públicas é de total abandono.

Gasto mensal com locações supera R$ 4 milhões

AnoTotal gasto com locaçõesMédia mensal estimada
2024R$ 48.652.481,24R$ 4.054.373,44
2025R$ 17.187.781,31 (até abril)R$ 1.432.315,11 (estimado)

Enquanto isso, alunos e professores enfrentam calor “insuportável” em sala de aula

A professora Maria Célia de Oliveira Souza, da Escola Nova Esperança 2, no distrito de Maracajá, denunciou nas redes sociais o cenário alarmante das salas de aula. Segundo ela, o calor no ambiente é “quase insuportável”, especialmente para crianças com deficiência (PCD) e professores mais velhos. O descaso é tão grande que nem mesmo os apelos feitos diretamente a vereadores foram atendidos. Em duas tentativas de reunião com o vereador Cosme Mangeski, ele simplesmente não apareceu.

“Eles precisam sentir na pele o que os alunos e professores estão passando. Já se passaram quatro anos de gestão e nada foi resolvido.” – disse a professora Maria Célia.

A própria educadora orçou, por conta própria, a climatização completa da escola por menos de R$ 30 mil. Um valor irrisório frente aos mais de R$ 4 milhões por mês que a prefeitura gasta com locações.

Vídeo expõe o abandono da Escola São Benedito, na zona rural

Em outro ponto do município, um vídeo gravado por um morador mostra o cenário caótico da Escola Municipal São Benedito, na comunidade Vila Seca – 4 da Parakanã. As imagens exibem:

  • Cadeiras quebradas
  • Estrutura comprometida
  • Ausência total de condições mínimas de funcionamento

A situação escancara a desigualdade no acesso à educação de qualidade, especialmente nas zonas rurais, onde promessas políticas nunca se concretizam. Crianças e adolescentes enfrentam ambientes hostis e perigosos, sem segurança ou infraestrutura.

Para locações, sempre há verba

As despesas com locações em 2024 e 2025 beneficiaram principalmente as seguintes empresas:

EmpresaValor recebido (R$)
LVL Location and Urban Services LTDAR$ 12.902.708,38
C.H. Marinho LTDA – EPPR$ 10.551.573,79
S.M. Transporte Combustíveis LTDAR$ 7.902.215,41 (locações)
Bello Monte Empreendimentos LTDAR$ 11.214.158,82
BM Locações LTDAR$ 6.796.499,31
M&R Serviços e Locações LTDA – EPPR$ 2.233.444,06
Santiago Construções e Locações LTDAR$ 5.892.194,20
Rey Car Locadora LTDA – EPPR$ 2.463.847,30

Contradições gritantes

Os dados revelam uma gestão que prioriza contratos milionários com empresas terceirizadas, enquanto escolas públicas funcionam em condições precárias. A matemática é simples: com menos de 0,05% do valor gasto com locações em 2024, seria possível climatizar todas as escolas denunciadas — com sobra.

A professora Célia resumiu bem o dilema:

“Prometeram climatizar só três salas como se o restante dos alunos e professores fossem invisíveis. É um absurdo!”

A cobrança agora é pública

A comunidade escolar cobra uma resposta urgente do prefeito Valdir Lemes, dos secretários de Educação, Saúde e Infraestrutura. O povo exige respeito, estrutura digna e o mínimo de comprometimento com a educação pública.

Enquanto contratos milionários são pagos religiosamente em dia, os alunos seguem suando, os professores adoecem, e a aprendizagem fica comprometida.

A reportagem continuará acompanhando os desdobramentos. Caso não haja respostas concretas, o Ministério Público e o Tribunal de Contas precisam ser acionados.

Alguns dos valores pagos em locação:

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