Em apenas quatro meses de 2025, a Prefeitura de Novo Repartimento, no sudoeste do Pará, sob a gestão de Valdir Lemes, já desembolsou R$ 18,6 milhões em despesas com a saúde municipal. O valor, que consta em relatório oficial do Fundo Municipal de Saúde, contrasta duramente com a realidade enfrentada pela população, marcada por falta de medicamentos, carência de leitos e descaso no atendimento de urgência .
Casos de abandono que revoltam a População
O caso mais recente expõe a gravidade do problema: um jovem, conhecido como, Jean Veras, vítima de um grave acidente de trânsito no último fim de semana, luta para receber tratamento adequado. Inicialmente, ele aguardava vaga para ser transferido para Belém. Nesta terça-feira (29), após dias de espera angustiante, conseguiu um leito em Marabá.
O prefeito da cidade vizinha, Alexandre Siqueira, anunciou nas redes sociais, que já conseguiu garantir um leito em Belém para o jovem. No entanto, ainda não há previsão exata para o deslocamento, já que o paciente, por enquanto, permanece internado em Marabá.

Outro relato alarmante envolve uma jovem cujo tio sofreu uma fratura na coluna vertebral e lesão da medula espinhal, o que o município não oferece estrutura para atendê-lo. Mesmo em estado grave, ele permaneceu seis dias internado na UPA de Novo Repartimento com risco de sequelas irreversíveis.
Casos como estes dois são recorrentes, e constantemente a sociedade e depara com perdas de entes queridos.

Esses exemplos mostram que a saúde municipal, mesmo com altos gastos, não cumpre sua função básica: atender e salvar vidas.
Para onde foi o dinheiro?
Analisando os empenhos pagos, fica evidente que uma parte expressiva dos recursos não foi destinada diretamente à melhoria do atendimento médico. Entre os maiores valores:
Foram pagos a Gráfica Central EIRELI R$ 159.039,74 do Fundo municipal de saúde apenas para confecção de materiais gráficos, em múltiplos contratos pequenos, mas somando um valor expressivo.

Além disso, houve gastos curiosos:
Locação de imóveis para funcionamento de setores administrativos da saúde (não hospitais) consumindo R$ 9.636,00. Diárias e passagens para motoristas, somando dezenas de pequenas despesas que totalizaram centenas de milhares de reais.
Contrastes inaceitáveis
Enquanto se imprime material gráfico e se gasta com viagens administrativas, pessoas agonizam esperando cirurgias, medicamentos e um leito hospitalar. A prioridade dos gestores é clara: aparência e burocracia, em detrimento da vida humana.
Mesmo com contratos milionários circulando entre fornecedores, a realidade nas unidades de saúde é caótica. A UPA de Novo Repartimento não tem condições mínimas para atender urgências graves, e o Hospital Municipal São Francisco está longe de ser uma referência, mesmo absorvendo boa parte dos recursos.
Os fatos falam por si: Novo Repartimento gastou mais de R$ 18 milhões em 4 meses, mas não consegue oferecer o básico para sua população. A situação é revoltante e exige investigação urgente dos órgãos de controle e, principalmente, a responsabilização dos gestores que priorizam contratos e publicidade em vez de salvar vidas.
A crise da saúde não é falta de dinheiro. É falta de gestão, responsabilidade.
Relatórios oficiais de despesas pagas da Prefeitura de Novo Repartimento em 2025:
