Mesmo com um investimento que ultrapassa os R$ 26,7 milhões em contratos com empresas privadas para fornecer transporte escolar, a realidade dos estudantes de Novo Repartimento é marcada por atrasos, veículos em más condições e descaso com a prestação de um serviço essencial. O que era para ser solução virou problema, e os números revelam um modelo de gestão que exige urgente investigação.
Contratos milionários, serviço precário
Entre as cinco empresas contratadas pela prefeitura, os valores pagos somam:
C.H. Marinho LTDA – EPP: R$ 6.596.364,09
Santiago Construções e Locações LTDA: R$ 5.407.124,20
Rey Car Locadora LTDA – EPP: R$ 2.204.376,84
BM Locações LTDA: R$ 6.907.388,62 Bello Monte
Empreendimentos e Transportes LTDA: R$ 5.619.416,86
Essas empresas foram contratadas com base em medições mensais, ou seja, recebem conforme os serviços prestados. No entanto, nenhuma comprovação dessas medições está disponível no Portal da Transparência. Não há relatórios de fiscalização, rotas descritas, número de veículos em operação ou quilometragens rodadas. Apenas valores. Uma cortina de opacidade encobrindo milhões em repasses públicos.
O que mais chama a atenção — e exige questionamento público e institucional — é que, além de alugar os veículos, a Prefeitura também assume todos os custos com reforma, manutenção mecânica, compra de peças e higienização dos ônibus escolares.
Em contratos desse tipo, é padrão que a manutenção seja de responsabilidade da empresa locadora. Mas em Novo Repartimento a lógica é invertida: o município aluga os ônibus e depois paga para consertá-los. Um esquema que engorda ainda mais os custos e beneficia empresas e pessoas físicas que prestam serviços paralelos, também contratadas sem critérios de transparência visíveis.
Pagando duas vezes pelo mesmo serviço
O resultado é escandaloso: o contribuinte paga duas vezes — uma para usar os ônibus e outra para mantê-los funcionando. Mesmo assim, o serviço prestado continua sendo alvo de inúmeras reclamações. Pais e alunos das zonas urbana e rural relatam atrasos crônicos, veículos sucateados, falta de ônibus em comunidades mais distantes e alunos sendo deixados para trás, especialmente do ensino fundamental.
“É um absurdo. Se gastassem tudo isso com responsabilidade, nossos filhos teriam transporte digno. Mas o que temos é humilhação todo dia”, desabafa um pai de aluno da zona rural.
Falta de fiscalização e transparência
Além de não exigir que as empresas cumpram com suas obrigações de manutenção, a gestão municipal também não disponibiliza relatórios de vistoria, controle de frota ou execução contratual. Tudo é baseado em confiança — mas pagos com dinheiro público.
Quem deveria garantir a conservação dos veículos? A prefeitura ou os empresários contratados? Essa é a pergunta que fica sem resposta nos portais oficiais. O silêncio da administração pública frente aos indícios de má gestão e desperdício de recursos apenas reforça a necessidade de investigação por parte dos órgãos de controle.
O transporte escolar de Novo Repartimento escancara o retrato de uma gestão ineficiente e possivelmente irresponsável com o dinheiro público. Enquanto milhões são despejados em contratos pouco fiscalizados, alunos seguem sem aula, sem transporte e sem dignidade. E a conta, como sempre, sobra para o povo.
Os 26,7 milhões são apenas em contratos de aluguel para transporte o município ainda arca com todas as despesas de manutenção, reforma de poltronas e limpeza da frota, acumulando centenas de milhares em pagamentos adicionais a empresas e pessoas físicas envolvidas nesses serviços paralelos.
Fonte: Relatórios oficiais de despesas pagas da Prefeitura de Novo Repartimento:
