Chega a 84 o número de pessoas envolvidas no maior escândalos de corrupção já registrados em Canaã dos Carajás. O Ministério Público do Estado (MPPA) denunciou 84 pessoas acusadas de integrar uma organização criminosa estruturada para fraudar licitações, lavar dinheiro e desviar recursos públicos no município de Canaã dos Carajás entre os anos de 2014 e 2024.
Segundo as investigações, a quadrilha atuava de forma sistemática na montagem de licitações fictícias, superfaturamento de contratos e desvio de verbas em diversos setores da prefeitura, especialmente nas áreas de obras, material de escritório e serviços administrativos.
O MPPA identificou que o grupo era composto por núcleos bem organizados: políticos, empresários, servidores públicos e laranjas que, juntos, movimentavam milhões de reais em contratos fraudulentos.
Entre os denunciados estão ex-vereadores, ex secretários municipais, empresários de fachada e funcionários públicos, alguns responsáveis por validar pareceres falsos, homologar licitações direcionadas e liberar pagamentos sem qualquer serviço efetivamente prestado.
O núcleo político era liderado por nomes como Ailson Ferreira, Roberto Andrade e Zilmar Costa, responsáveis por articular contratos e direcionar processos licitatórios. No núcleo empresarial, destacam-se Gilvan da Van, apontado como chefe financeiro do esquema, e Flávio César Dias, articulador de contratos fraudulentos no setor de informática e papelaria.
Empresas de fachada foram abertas em nome de parentes, empregados domésticos e pessoas humildes, usadas para movimentar recursos públicos desviados. As investigações apontam que muitas das empresas nunca possuíram sede física, funcionários ou estrutura operacional compatível com os contratos milionários firmados.
Interceptações telefônicas flagraram tratativas de propina, negociação de contratos e divisão de valores desviados. Em um dos áudios registrados, um dos empresários chega a questionar o andamento de uma fraude: “Tá bom, pregoeiro. Tá fazendo é ata já?”
Há indícios de que parte do dinheiro desviado foi reinvestido em propriedades rurais, veículos de luxo e empresas adquiridas para ocultar a origem ilícita dos recursos.
O relatório do MPPA aponta ainda o uso de laranjas para ocultar a real titularidade das empresas, incluindo filhos de políticos, ex-esposas, sobrinhos e até o pedreiro de um dos articuladores, que figurava como sócio de uma construtora comprada por R$ 3 milhões.
O esquema, segundo a promotoria, se manteve ativo durante dez anos, com divisão de tarefas e uma rede de proteção que impediu a fiscalização de contratos fictícios e a apuração dos desvios até a operação policial que resultou no dossiê apresentado.
Todos os denunciados podem responder por crimes como organização criminosa, corrupção, fraude em licitação e lavagem de dinheiro. As ações penais já tramitam na Vara Criminal de Canaã dos Carajás.
Fonte: Portal Parauapebas