Saiba como funcionava o maior esquema de corrupção de Canaã dos Carajás

Chefe da organização cobrava de 6% a 10% de propina nos contratos
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Um esquema criminoso milionário, operando há pelo menos uma década dentro da estrutura pública do município de Canaã dos Carajás, foi alvo de uma denúncia formal apresentada pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO). A denúncia, com 242 páginas, revela a existência de uma organização criminosa altamente estruturada e composta por empresários, servidores públicos, políticos e técnicos especializados.

Segundo o MPPA, o grupo atuava desde 2014 até os dias de hoje (última operação aconteceu no dia 12 de abril 2025) no direcionamento e manipulação de licitações, com a finalidade de beneficiar empresas previamente escolhidas em troca de pagamento de propinas que variavam entre 6% e 10% dos valores dos contratos públicos. Os contratos superfaturados envolvem serviços de construção civil, locação de veículos e máquinas, transporte de pacientes, fornecimento de combustíveis e até papelaria.

Pessoas e Cargos Envolvidos

A denúncia formaliza acusações contra 16 pessoas, entre elas:

Roberto Andrade Moreira – Ex-Secretário de Governo, apontado como líder da organização criminosa. Ele controlava a divisão das licitações e exigia repasses diretos em dinheiro das empresas contratadas.

Bruno Monteiro Borges (“Bruno Chefinho”) – Empresário e filho de vereador, operava contratos em nome de empresas beneficiadas e negociava diretamente propinas.

• Rosinaldo Santana, Ismael Oliveira Neto, Romário Ribeiro, Daniel Nunes Filho, Maurício Moura Martins – Empresários que, segundo o MP, venciam licitações fraudulentamente e pagavam comissões a agentes públicos.

Douglas Ferreira Santana – Pregoeiro e ex-presidente de comissões de licitação, acusado de atuar diretamente para eliminar concorrentes legítimos dos certames.

Zilmar Costa Aguiar Júnior (“Júnior Garra”) – ex-vereador e ex-secretário municipal, envolvido no desvio de recursos por meio de contratos fictícios de combustíveis e locações.

Flávio Gomes de Sousa – Vereador que teria recebido mais de R$ 1 milhão em repasses de empresas ligadas ao grupo.

Também são citados outros ex-secretários, fiscais de contrato, contadores e até assessores parlamentares, todos descritos como peças-chave no funcionamento do esquema.

Valores Envolvidos

O Ministério Público estima que somente em uma das licitações, os envolvidos movimentaram mais de R$ 10 milhões em contratos fraudulentos. Em fevereiro de 2024, Roberto Andrade teria recebido pessoalmente R$ 1,1 milhão em propina, conforme documentos manuscritos e apreendidos em sua residência, onde também foram encontrados R$ 182 mil em espécie.

As fraudes atingiram diretamente licitações como:

• Concorrência 016/2023 – 628 unidades habitacionais

• Concorrência 037/2023 – 888 unidades habitacionais

• Obras públicas como o Parque dos Buritis, Parque de Exposições, e contratos com empresas de transporte e saúde.

O caso mostra a atuação de uma verdadeira organização criminosa institucionalizada dentro da administração pública de Canaã dos Carajás, com ampla rede de proteção política e técnica. A denúncia representa um dos maiores escândalos de corrupção já formalmente acusados no município, e as investigações seguem em curso, com novas fases da operação não descartadas.

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