O vereador Flávio Gomes de Souza, atual presidente da Câmara Municipal, é formalmente citado em denúncia do Ministério Público do Estado do Pará como integrante ativo do núcleo político da organização criminosa que atuava em diversas fraudes no município. O documento de 129 páginas, elaborado pelo GAECO (Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado), detalha as ações do parlamentar com base em provas documentais, escutas telefônicas, transferências bancárias e registros de pagamentos ilegais.
Envolvimento direto com empresas do esquema
Segundo a denúncia, Flávio Gomes recebia valores ilícitos através de boletos pagos por empresas contratadas pelo município, como a CSP – Construtora Sul Pará, DMB Comércio de Alimentos e MADA Comércio de Materiais. Um dos casos mais emblemáticos é o pagamento de um boleto bancário no valor de R$ 7.743,00, emitido em nome de seu filho, Danilo, quitado por uma das empresas ligadas ao grupo criminoso.
Depósitos, propina e codinomes
Além dos pagamentos diretos, o vereador utilizava intermediários e contas de terceiros para ocultar os repasses. Ele também fazia uso de codinomes, referindo-se à propina como “bênção” nas conversas interceptadas com operadores do esquema.
Em uma das transferências bancárias identificadas, um comprovante de R$ 200 mil foi direcionado para a empresa MADA, a qual tinha como sócio Daniel Gomes Nunes Filho, outro denunciado e apontado como um dos principais articuladores financeiros da organização.
Conversas comprometedoras
A denúncia cita interceptações telefônicas que reforçam o papel ativo de Flávio Gomes na manutenção do esquema. Ele solicitava depósitos, negociava pagamentos e fazia pressão sobre os operadores para garantir o recebimento de vantagens indevidas em troca de apoio político e favorecimento nas licitações.
“Todos esses fatos e documentos comprovam que Flávio Gomes de Souza integra a organização criminosa, atuando no núcleo político para que empresas sejam beneficiadas por meio de fraudes licitatórias, recebendo em contrapartida repasses financeiros”, afirma o Ministério Público em trecho da peça acusatória.
A citação de Flávio Gomes como membro da quadrilha reforça as suspeitas sobre o envolvimento da cúpula política local em esquemas bilionários de corrupção e lavagem de dinheiro.