Um escândalo envolvendo recursos públicos federais, omissão municipal e contratos suspeitos ganhou destaque nacional após reportagem da revista Veja denunciar a compra de três ambulâncias, por R$ 855 mil, que nunca chegaram a Santarém. O valor, proveniente de emenda parlamentar do deputado federal Henderson Pinto (MDB), foi pago integralmente à empresa Aliança Comércio e Serviços LTDA, mesmo com o contrato prevendo entrega dos veículos em até 60 dias — e mesmo após 12 meses de atraso.
Enquanto isso, a população continua desassistida e a gestão municipal segue gastando milhões com o aluguel de ambulâncias para suprir a demanda da rede pública de saúde. Segundo a reportagem da Veja, a responsabilidade da fiscalização do contrato foi atribuída a Vanilson Pinto Lira, nomeado pela própria Prefeitura de Santarém, e agora suspeito de envolvimento no caso.
Contrato suspeito, dinheiro pago e nenhum veículo
O contrato, assinado em 26 de julho de 2024, previa que as ambulâncias fossem entregues até setembro do mesmo ano. Passado um ano, os veículos não chegaram. Mesmo assim, segundo a Veja, a Prefeitura liquidou integralmente o valor de R$ 855 mil à fornecedora — sem qualquer garantia de entrega, descumprindo princípios básicos da administração pública.
A denúncia repercutiu nacionalmente e levou o caso à investigação do Ministério Público Federal (MPF), que apura possíveis irregularidades, superfaturamento e improbidade administrativa. A ausência dos veículos, somada à omissão da gestão, reforça os indícios de má-fé e negligência com os recursos públicos.
População paga duas vezes: pela compra e pelo aluguel
Enquanto o contrato segue sem cumprimento e com o valor já desembolsado, a Prefeitura de Santarém continua alugando ambulâncias, gerando mais despesas aos cofres públicos. A prática revela uma gestão marcada pela falta de transparência e eficiência, ao passo que a população sofre com a precariedade no atendimento de urgência.
Nem o deputado Henderson Pinto, responsável pela emenda que destinou os recursos, nem a empresa fornecedora, nem a Prefeitura de Santarém apresentaram explicações convincentes sobre o paradeiro dos veículos. O silêncio reforça o clima de impunidade.
Onde estão as ambulâncias?
O caso escancara um modelo de gestão onde a verba pública é liberada sem a devida entrega dos bens ou serviços contratados. A ausência de mecanismos de controle eficientes e a conivência de fiscais indicados politicamente criam o ambiente ideal para desvios.
Se confirmadas as irregularidades, o episódio pode configurar crime de improbidade administrativa, dano ao erário e fraude contratual — com responsabilização não apenas da empresa, mas também dos gestores envolvidos.
R$ 855 mil pagos, ambulâncias nunca entregues: escândalo em Santarém revela rombo e omissão na saúde público.
Defesa da empresa e da prefeitura
A empresa contratada afirmou que os veículos estariam “em fase de produção” e negou irregularidades, em contradição com o contrato que exigia ambulâncias prontas para entrega . A prefeitura, por sua vez, declarou que notificou a empresa extrajudicialmente e ingressou com ação judicial devido ao descumprimento contratual . Em resposta, o deputado afirmou que apenas indicou a emenda e que a execução foi de responsabilidade municipal, ressaltando que acompanha o caso