Mesmo diante de problemas crônicos em áreas essenciais como água, infraestrutura urbana e limpeza pública, a Prefeitura de Parauapebas, sob a gestão do prefeito Aurélio Goiano (Avante), já torrou mais de R$ 15,8 milhões em combustível apenas em 2025, segundo documentos oficiais de despesas públicas.
O volume de recursos chama atenção não apenas pelo valor, mas principalmente pelo modelo recorrente de contratação, marcado por dispensas de licitação, pulverização de empenhos e concentração dos pagamentos em poucas empresas. Os valores, levantam questionamentos sérios sobre a eficiência administrativa, a possibilidade de sobrepreços e o risco de irregularidades na relação entre a Prefeitura e empresas privadas. Diante desse cenário, a pergunta é inevitável: o dinheiro do contribuinte está sendo usado para abastecer veículos públicos ou para inflar contratos e beneficiar interesses alheios?
Duas empresas concentram milhões
Levantamento feito com base em registros oficiais aponta que duas empresas dominam praticamente todo o fornecimento e gerenciamento de combustível da máquina pública municipal:
- WEX E DRAW LTDA recebeu R$ 9.215.354,93 da Prefeitura de Parauapebas em 2025, atendendo diversas secretarias, fundos e órgãos municipais, com contratos firmados majoritariamente por dispensa de licitação.
- WEBCARD ADMINISTRAÇÃO LTDA acumulou R$ 4.892.755,13 pagos diretamente pela Prefeitura no mesmo período, também vinculados à gestão informatizada do abastecimento da frota oficial.
Além disso, a WEBCARD faturou mais R$ 1.776.756,36 junto ao SAAEP (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas), igualmente em despesas com combustível, mesmo em um ano marcado por reclamações constantes da população sobre falta d’água e instabilidade no abastecimento.
Há sobreposição de serviços? Por que duas empresas para funções similares, inflando os custos totais para além dos R$ 14 milhões apenas na prefeitura? Em um ano de crise econômica e inflação persistente, esses números cheiram a desperdício ou, pior, a favorecimento indevido.
Dispensa de licitação virou rotina
Os documentos revelam um padrão preocupante: contratações emergenciais sucessivas, usadas como regra e não como exceção. Na prática, esse modelo reduz concorrência, dificulta a comparação de preços e fragiliza o controle externo e social.
Outro ponto que chama atenção é a fragmentação dos empenhos, com pagamentos distribuídos em dezenas de lançamentos para diferentes secretarias e fundos, o que mascara o montante real gasto ao longo do ano.
Enquanto milhões são consumidos nos postos:
- Ruas continuam esburacadas
- Bairros seguem sem limpeza regular
- Falta água em várias regiões
- Obras públicas caminham a passos lentos
A pergunta inevitável é: essa frota toda está servindo a quem?
Sem relatórios públicos claros que detalhem consumo por veículo, quilometragem, finalidade e secretaria, o gasto milionário perde qualquer justificativa técnica e passa a levantar suspeitas sobre desperdício e má gestão.
Essa farra com o dinheiro público exige investigação imediata. O Ministério Público do Pará e o Tribunal de Contas dos Municípios deveriam auditar esses contratos com lupa: foram as dispensas de licitação justificadas? Há evidências de superfaturamento? E por que, em um município com receitas bilionárias da mineração, os serviços básicos continuam deficientes enquanto os tanques de combustível transbordam? A população de Parauapebas merece respostas – e não mais uma rodada de promessas vazias de um prefeito que parece mais interessado em confrontos do que em governança responsável. Esta reportagem continuará monitorando o caso.

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