Um jovem proprietário de moto de Canaã dos Carajás vive um pesadelo burocrático e financeiro há quatro meses, após ter seu veículo recolhido pela Secretaria Municipal de Segurança Pública Viária (Semspuv) local.
A moto, que estava em reparo em uma oficina, foi guinchada e levada ao pátio de retenção sem que o dono fosse notificado previamente. Ao cumprir todos os requisitos legais – pagamento de multas, taxas de regularização e custos do pátio –, o rapaz se deparou com uma cena devastadora: peças essenciais furtadas, totalizando um prejuízo estimado em R$ 10.600.
A moto permanece retida até hoje, enquanto a empresa contratada para a segurança do local se recusa a arcar com o dano, apesar de promessas iniciais não cumpridas.
O dono da empresa que administra o pátio (responsável pela guarda e segurança do veículo) teria inicialmente assumido o compromisso de ressarcimento, mas posteriormente recuou, alegando que “não poderia fazer nada sobre o ocorrido”. A moto permanece ainda no pátio.
Esses incidentes, embora em jurisdições próximas, pintam um quadro alarmante para Canaã dos Carajás: pátios de retenção que, em vez de protegerem bens confiscados, se tornam alvos fáceis para ladrões internos ou externos.
A ausência de câmeras de vigilância eficazes, rondas regulares e protocolos rigorosos transforma esses espaços em “depósitos de peças soltas”, onde cidadãos comuns arcam com as consequências de uma gestão pública falha. No caso do jovem de Canaã, a Semspuv local ainda não se pronunciou sobre uma investigação interna ou medidas corretivas, enquanto a moto continua “parada” – ironicamente, como estava na oficina antes do recolhimento.
A crítica é inevitável: quantos mais prejuízos precisarão ocorrer para que as autoridades municipais invistam em segurança real? Em um município em expansão, impulsionado pela mineração, o trânsito caótico já sobrecarrega a Semspuv, mas negligenciar a integridade dos bens apreendidos é uma violação direta dos direitos do cidadão.
Leis como a de Responsabilidade Civil do Estado (art. 37 da Constituição Federal) exigem que o poder público responda por omissões que causem danos, mas na prática, proprietários como esse jovem enfrentam uma maratona judicial para obter justiça – e, muitas vezes, perdem peças e tempo no processo.
Enquanto isso, o proprietário clama por uma solução urgente: devolução da moto completa, indenização pelos R$ 10.600 em peças e, acima de tudo, responsabilização. “Quero minha moto de volta e que isso não aconteça com mais ninguém“, desabafa.
A Prefeitura de Canaã dos Carajás e a Semspuv têm a oportunidade de transformar esse escândalo em reforma: basta ouvir as vítimas e fiscalizar os responsáveis. Caso contrário, os pátios continuarão sendo sinônimo de furto institucionalizado, não de ordem pública.
Enquanto a Prefeitura promete eficiência e segurança, a realidade mostra o oposto: um pátio onde motos somem por dentro. E um cidadão que, mesmo pagando tudo o que devia, volta para casa apenas com o prejuízo.




A foto mostra a moto antes. Os rodões foram trocados depois ela foi apreendida.



