A outrora poderosa “Capital do Minério” amargou, em maio de 2025, o pior desempenho comercial dos últimos dez anos e, pela primeira vez na história, foi superada por Marabá no ranking nacional de exportações. Pior: Canaã dos Carajás consolidou-se como a segunda maior força exportadora do Pará e agora aparece na 5ª posição nacional, desbancando definitivamente Parauapebas da liderança que manteve por anos.
Segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Parauapebas exportou US$ 299,38 milhões no mês passado — um número que não ficava abaixo da casa dos 300 milhões desde maio de 2015, quando o preço do minério de ferro despencou para seu menor valor histórico: US$ 37 por tonelada.
Em contraste, Marabá movimentou US$ 314,63 milhões, ultrapassando Parauapebas por uma diferença de mais de US$ 15 milhões. Já Canaã dos Carajás registrou impressionantes US$ 521,08 milhões em exportações, consolidando-se como a nova potência mineradora da região Norte.
A derrocada da Capital do Minério
O resultado de maio é um marco do declínio gradual de Parauapebas, que em 2011, auge do “boom” das commodities minerais, chegou a exportar mais de US$ 1 bilhão em apenas um mês. Nem mesmo em 2021, em plena pandemia, o município viu tamanho recuo — naquele ano, chegou a movimentar US$ 795,13 milhões.
Embora o preço do minério esteja atualmente em US$ 99 por tonelada, bem distante do colapso de 2015, a queda brusca nas exportações é atribuída à exaustão das minas locais e à transferência do foco da Vale para as operações em Canaã dos Carajás, onde os custos são mais baixos e o potencial mineral é muito maior.
Além disso, a falta de planejamento de gestões anteriores e a instabilidade administrativa atual, sob a controversa condução do prefeito Aurélio Goiano, contribuem para o enfraquecimento da economia local, extremamente dependente dos royalties do minério de ferro.
Marabá em ascensão
Com investimentos crescentes na mineração de cobre — especialmente na Mina de Salobo — e um ambiente industrial mais diversificado, Marabá desponta como a próxima protagonista econômica do sul do Pará. O município já aparece entre os 15 maiores exportadores do Brasil, ocupando o 11º lugar, à frente de cidades como São Bernardo do Campo (SP), Barcarena (PA) e Araxá (MG).
Canaã: de promessa a realidade
Já Canaã dos Carajás, que até poucos anos figurava como coadjuvante, agora brilha com força própria. É o 2º município mais lucrativo para o Brasil e já ostenta a 5ª colocação nacional em exportações — um salto histórico impulsionado pelas operações do S11D, o mais moderno complexo minerador do mundo.
Ranking dos 15 maiores exportadores do Brasil em maio de 2025:
- Rio de Janeiro (RJ) – US$ 3,88 bilhões
- São Paulo (SP) – US$ 666,86 milhões
- Santos (SP) – US$ 577,22 milhões
- São João da Barra (RJ) – US$ 525,19 milhões
- Canaã dos Carajás (PA) – US$ 521,08 milhões
- Paranaguá (PR) – US$ 459,55 milhões
- Itajaí (SC) – US$ 443,39 milhões
- Varginha (MG) – US$ 346,06 milhões
- Rio Verde (GO) – US$ 337,63 milhões
- São Bernardo do Campo (SP) – US$ 325,03 milhões
- Marabá (PA) – US$ 314,63 milhões
- Parauapebas (PA) – US$ 299,38 milhões
- Barcarena (PA) – US$ 295,77 milhões
- Araxá (MG) – US$ 284,09 milhões
- Sorriso (MT) – US$ 277,70 milhões
O fim de uma era?
Especialistas apontam que Parauapebas vive a consequência de anos de despreparo estratégico, sem políticas de diversificação econômica e com gastos públicos inflados por receitas temporárias. A dependência da mineração, sem alternativas sustentáveis, começa a cobrar um preço alto — financeiro e simbólico.
Canaã e Marabá agora são os rostos do novo ciclo de prosperidade na região. Enquanto isso, Parauapebas precisa correr contra o tempo para não se tornar apenas uma lembrança gloriosa de um passado minerador.