O Pará começou o ano de 2025 com resultados históricos na balança comercial. Entre janeiro e março, o estado exportou US$ 5,06 bilhões, o maior volume registrado para um primeiro trimestre nos últimos dez anos. O saldo comercial — diferença entre exportações e importações — ficou em US$ 4,45 bilhões, mantendo o estado na 3ª colocação nacional no ranking de saldos comerciais e na 6ª posição entre os maiores exportadores do Brasil.
Para a coordenadora executiva do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Cassandra Lobato, o resultado reflete a força e a resiliência da economia paraense. “Apesar de crises políticas, pandemia e conflitos comerciais internacionais, conseguimos alcançar um desempenho inédito. Isso mostra a capacidade de expansão dos nossos exportadores e o amadurecimento do setor”, afirmou.
Diversificação da pauta exportadora
Um dos destaques do trimestre foi a diversificação dos produtos exportados. O número de itens diferentes (NCMs) passou de 764 em 2024 para 887 em 2025 — um aumento de 16,10%. Para Cassandra, esse dado é um indicador importante do amadurecimento da pauta exportadora do estado. “Estamos inserindo o Pará em diferentes cadeias globais de valor e acessando novos mercados, o que fortalece nossa economia de forma sustentável.”
Minerais lideram, mas agro ganha espaço
O setor mineral continua sendo a base das exportações do Pará, respondendo por 87% do total. Mesmo com a queda de 26,63% nas exportações de minério de ferro, causada pela desaceleração do setor imobiliário na China, outros itens minerais apresentaram forte crescimento: a alumina calcinada subiu 105,62%, o minério de cobre aumentou 36,85% e o alumínio não ligado cresceu 53,24%.
Paralelamente, os chamados produtos não tradicionais vêm ganhando destaque, especialmente os do setor agropecuário. A exportação de bovinos vivos teve um salto de 174,74%, impulsionada pela demanda do Egito. A carne bovina também cresceu 24,72%, com a China como principal destino. Outros segmentos, como os de sucos de frutas (notadamente o açaí) e a pimenta-do-reino, também vêm se destacando. A exportação de pimenta cresceu 53,48%, com mercados consolidados como Estados Unidos e Alemanha entre os compradores.
Municípios paraenses ganham destaque nacional
Canaã dos Carajás se destacou entre os seis maiores municípios exportadores do Brasil, graças às vendas de minério de ferro e cobre. Outros municípios como Barcarena, Parauapebas, Marabá e Itaituba também figuram entre os maiores exportadores do estado.
Perspectivas para 2025
Com esse início promissor, a expectativa é de que o Pará mantenha ou até supere os volumes exportados nos próximos trimestres. A relação sólida com o mercado asiático e as oportunidades geradas pela reconfiguração das cadeias globais colocam o estado em posição estratégica.
“Ainda temos desafios, principalmente em logística e burocracia nos órgãos anuentes, mas com mais investimentos e políticas de incentivo, o Pará pode se consolidar como um dos principais protagonistas do comércio internacional brasileiro”, conclui Cassandra Lobato.
