Oposição acusa gestão de Aurélio Goiano de usar fuzil e agentes públicos para intimidar adversários

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A sessão ordinária da Câmara Municipal de Parauapebas nesta terça-feira (09) ganhou contornos de indignação e denúncia com a fala da vereadora Maquivalda (oposição), que cobrou esclarecimentos urgentes sobre o uso indevido de servidores públicos para “proteger” o blogueiro Bombom de Alho (Luis Maracaípe) durante o incidente com o vereador Fred Sansão na véspera. A parlamentar, visivelmente abalada, descreveu as imagens do confronto como “aterrorizantes” e anunciou um ofício à Secretaria Municipal de Segurança (SENSE) para investigar o envolvimento de agentes armados, incluindo um fuzil, em uma suposta ação particular de intimidação contra um parlamentar oposicionista.

O episódio, ocorrido na segunda-feira (8) na zona rural de Parauapebas, nas imediações do Projeto Furnas, envolveu o blogueiro – aliado da gestão do prefeito Aurélio Goiano – invadindo a fazenda de Sansão para gravar vídeos alegando irregularidades ambientais. A tensão escalou na Delegacia de Polícia Civil, onde Sansão, ao chegar para prestar esclarecimentos, desferiu um tapa no rosto de Bombom de Alho durante uma discussão acalorada, quebrando o celular do influenciador e gerando vídeos virais nas redes sociais. Maquivalda, que esteve no local e acessou as filmagens, usou a tribuna para alertar sobre o “medo” sentido pela oposição diante do que chamou de “desgoverno”, com o aparato estatal sendo mobilizado para ações de retaliação política.

“Eu tive acesso às filmagens. E o que a gente sente é uma impotência imensa. E não vou dizer pra vocês que a gente não fica com medo. A gente fica com medo sim, viu, Fred? A gente fica com medo porque a polícia que deveria estar protegendo o cidadão, os coordenadores da inteligência da Secretaria Municipal de Segurança tem um comportamento de estar apaisando, de estar usando fuzil”, desabafou Maquivalda, referindo-se à presença de altos escalões da Guarda Municipal: o subcomandante, o coordenador de inteligência e o do Centro de Controle de Operações (CCO). Ela destacou o servidor Freitas, que portava um fuzil, questionando: “Aí a gente pergunta se o coordenador do CCO tem prerrogativa para andar com um fuzil”.

A vereadora anunciou que protocolará, ainda nesta semana, um requerimento formal à SENSE com uma série de questionamentos detalhados: a finalidade oficial da presença dos servidores Cláudio Honor Sampaio e Rodrigo Jorge Souza na área rural; se houve ordem de serviço registrada; comprovação de que estavam em horário de expediente, com folhas de ponto e relatórios; detalhes sobre armamentos portados, incluindo número de série e registros de saída do arsenal; e se Bombom de Alho integra algum “programa municipal de proteção ou acompanhamento especial”, justificando a escolta armada. “Porque pra andar protegido, ele deve estar em algum programa. E que seja esclarecido qual é esse programa que esse blogueiro tem, as prerrogativas pra andar protegido com os servidores públicos que deveriam estar a serviço da população”, enfatizou.

Maquivalda também citou a participação de um policial militar (PM) a paisana – identificado como o chefe de segurança particular do prefeito –, que teria manipulado uma arma de fogo no local, e mencionou que já foi pedida a transferência dele. “Inclusive já pediram a transferência do policial militar, não é isso Fred? E aí nós vamos acompanhar qual vai ser a providência para o outro que estava lá com um fuzil também conduzindo a ação”, disse, criticando a influência do blogueiro sobre os agentes: “O tempo todo a gente via como o Bombom de Alho tem influência dentro desses agentes públicos que estavam lá. É lamentável […] onde um blogueiro se utiliza do aparato policial de coordenação dentro do nosso município e vai em uma propriedade particular de um parlamentar pra amedrontar, pra tocar o terror”.

A denúncia ganhou fôlego com a revelação de outro caso envolvendo o influenciador: uma ocupação irregular em uma área de quase 3 mil metros quadrados no Bairro dos Minérios, onde Bombom de Alho estaria construindo um possível lava-jato, utilizando o muro do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) local como estrutura. “Se essa parlamentar não recebe uma denúncia da população dos Minérios, nada seria feito”, afirmou Maquivalda, que agiu rapidamente após a queixa de um morador vendendo melancias na feira, mobilizando um “policiamento” que retirou o invasor em menos de 10 minutos. “Tudo isso faz a gente realmente se preocupar e perguntar para quem o executivo está trabalhando. Qual é a preocupação desse executivo? Então eu vou afirmar aqui para os senhores que naquela área institucional não será utilizado para empreendimento particular. Vocês podem ter certeza disso”.

A fala de Maquivalda ecoou o embate anterior na mesma sessão entre Sansão e o vereador Zé da Lata (pai do prefeito), ampliando o clima de polarização na Casa. A oposição tem intensificado cobranças por transparência na gestão de Aurélio Goiano, especialmente em segurança e uso de recursos públicos. A SENSE e a Polícia Civil não se manifestaram até o momento, mas o requerimento prometido pode escalar o caso para instâncias judiciais. Moradores de Parauapebas, via redes sociais, dividem-se entre apoio à fiscalização oposicionista e críticas à agressão física no episódio. Analistas locais alertam para o risco de judicialização, em meio a um ano eleitoral marcado por denúncias de loteamentos irregulares e conflitos rurais.

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