Uma ONG associada à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, entrou no centro de uma nova controvérsia após documentos analisados pela CPI das ONGs indicarem que a entidade, beneficiada com R$ 35 milhões do Fundo Amazônia, destinou aproximadamente 80% desses recursos para viagens executivas, consultorias e serviços administrativos — e não para ações diretas de preservação ambiental na floresta, como prevê o fundo.
Os relatórios analisados mostram que cerca de R$ 24 milhões do montante total foram consumidos em despesas classificadas como “consultorias especializadas”, “deslocamentos”, “articulações institucionais” e “participação em eventos”. Apenas uma parcela minoritária teria sido aplicada em atividades práticas de campo, monitoramento ou projetos de impacto direto na Amazônia.
As cifras chamaram atenção dos senadores da CPI, que passaram a cobrar transparência, eficiência e comprovação de resultados reais. Parlamentares afirmam que o padrão de gasto “foge completamente” da finalidade do Fundo Amazônia, que exige comprovação de ações concretas de preservação florestal.
A ONG, contudo, afirma que todos os gastos são legais, auditáveis e compatíveis com projetos de pesquisa, formulação de políticas públicas e produção de conhecimento técnico. Também argumenta que viagens e consultorias são etapas necessárias para articulação institucional, elaboração de diagnósticos e monitoramento ambiental.
A ministra Marina Silva, por sua vez, declarou que o Fundo Amazônia segue regras rígidas de auditoria e que a associação da ONG ao seu nome tem sido usada de forma política para gerar ruído em meio à CPI.
Mesmo assim, o caso reacende o debate nacional sobre governança, metas, fiscalização e impacto real dos recursos administrados por ONGs que operam dentro da Amazônia Legal — especialmente em um cenário em que denúncias de mau uso de verbas públicas se multiplicam.
A CPI deve convocar novos representantes da ONG para detalhar contratos, serviços prestados e comprovação dos resultados. A expectativa é que o caso se torne um dos principais focos das próximas sessões no Senado.



