A população de Novo Repartimento, amarga mais um capítulo de negligência e descaso com a infraestrutura viária da cidade. Há dias, denúncias sobre o mau estado das pontes circulam nas redes sociais e em grupos locais, expondo o risco iminente em diversos trechos da malha urbana e rural. Apesar de anúncios milionários pela gestão do prefeito Valdir Lemes (PSD), como a captação de R$ 7,8 milhões em recursos federais para obras em pontes, o descaso persiste, culminando em um incidente dramático na última semana que quase custou a vida de um morador.
O episódio mais recente ocorreu na via Cinal Principal, entre os distritos de Detelândia. Um jovem, vítima de uma mordida de cobra – um caso que exige atendimento imediato para evitar complicações fatais como necrose ou choque anafilático –, ficou ilhado devido ao colapso parcial de uma ponte improvisada.
O veículo que o levava ao hospital ficou ilhado em uma ponte comprometida; a ambulância, por sua vez, não conseguiu atravessar pelo outro lado. Moradores locais, sem opções, improvisaram uma solução precária “Foi um milagre ele ter chegado vivo ao hospital. Em casos de cobra, cada minuto conta, e aqui a gente depende de ponte que parece feita de palito”, relatou um agricultor da região, que preferiu não se identificar por medo de retaliações.
A pergunta que ecoa entre os repartimentenses é simples e angustiante: com tantos recursos destinados à manutenção e construção de pontes, por que a população ainda enfrenta situações de isolamento em emergências? Em um município onde acidentes de trânsito, afogamentos ou ataques de animais silvestres são comuns devido à proximidade com a floresta amazônica, o risco é multiplicado. “Se fosse um parto complicado ou um ferimento grave de moto, com segundos entre a vida e a morte, o que seria da vítima? A ponte vira barreira mortal”, questiona uma enfermeira do posto de saúde.
Os números oficiais, extraídos do Portal da Transparência, pintam um quadro contraditório. Em 2025, a Prefeitura de Novo Repartimento destinou R$ 2,314 milhões à construção e manutenção de pontes, valor que se soma aos R$ 7,8 milhões anunciados em agosto pelo próprio prefeito Valdir Lemes, via articulação com o governo federal.
Esses recursos visavam a construção de três pontes de concreto, a reconstrução de dez de madeira e a instalação de bueiros em áreas críticas. No entanto, denúncias de moradores apontam para “obras de má qualidade” e superfaturamento, com mais de R$ 2,3 milhões supostamente mal aplicados, resultando em estruturas que desabam ao menor sinal de chuva ou tráfego. Moradores filmaram estruturas “reformadas recentemente” com buracos, madeiras podres e sem guarda-corpos, questionando a qualidade e o destino real dos valores.
“O prefeito anuncia pompa e foto, mas as pontes continuam caindo. Para onde vai o dinheiro?”, indaga um líder comunitário em postagens recentes nas redes sociais, ecoando um sentimento de frustração generalizado.
O escândalo se agrava quando se compara com irregularidades já expostas na gestão. Em junho, veio à tona um caso de nepotismo: a filha do prefeito, Ana Karoline de Almeida Machado, foi nomeada secretária de Cultura com salário de R$ 11 mil mensais, em meio a denúncias de favorecimento familiar.
Moradores ironizam: “Se sobra verba para nomear parentes em cargos milionários, por que não contratar um fiscal por R$ 2 mil para vistoria semanal nas pontes? Uma ponte em dia salva vidas, um café superfaturado não”. A referência velada é a uma série de contratos polêmicos, como aluguéis de imóveis particulares que somam centenas de milhares de reais anuais, enquanto obras estruturantes patinam.
Enquanto isso, a população clama por transparência: os milhões anunciados precisam se transformar em pontes seguras, não em promessas ilhadas.
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