Servidora fantasma trabalha em Tucuruí e Marabá ao mesmo tempo e fatura mais de R$ 100 mil em plantões

Enquanto servidores efetivos enfrentam perseguição e sobrecarga, uma gestora acumula cargos em Tucuruí e Marabá, recebe mais de R$ 21 mil mensais e embolsa gratificações por plantões impossíveis de serem cumpridos a 300 km de distância.
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A situação da servidora pública Irlândia da Silva Galvão expõe mais uma vez o caos administrativo e a falta de controle sobre a máquina pública no Pará. Documentos oficiais revelam que ela acumula cargos em dois municípios diferentes, distantes mais de 300 km um do outro: Tucuruí e Marabá.

De um lado, Irlândia é servidora efetiva da Prefeitura de Tucuruí, ocupando o cargo de Auxiliar de Enfermagem, função que exige presença regular e dedicação. Somente no mês de junho de 2025, ela recebeu R$ 6.274,00 líquidos da prefeitura, conforme consta na folha de pagamento.

Do outro lado, ela exerce um cargo comissionado como diretora do 11º Centro Regional de Saúde da SESPA, com sede em Marabá, a mais de 300 km de distância de Tucuruí. Esse cargo, por si só, exige 30 horas semanais de dedicação presencial. Mas os valores recebidos impressionam ainda mais: em junho de 2025, os proventos pagos pelo Estado somaram R$ 21.544,80, sendo R$ 15.777,90 apenas em gratificações por plantões.

Não é só em junho. Levantamento do Canal PBS mostra que Irlândia recebeu:

  • R$ 21.000,00 em janeiro
  • R$ 10.000,00 em fevereiro
  • R$ 10.000,00 em março
  • R$ 10.000,00 em abril
  • R$ 13.000,00 em maio
  • R$ 15.000,00 em junho

No total, foram mais de R$ 80.000,00 apenas com gratificações de plantões em seis meses — isso sem contar os salários-base e outras vantagens.

O detalhe é que tais plantões são presenciais, o que levanta a pergunta óbvia: Como a servidora consegue cumprir plantões em Marabá e, ao mesmo tempo, bater ponto como concursada em Tucuruí? Isso sem falar nas funções de direção administrativa que ela exerce, onde atua como ordenadora de despesas e assina empenhos, como comprova documento publicado no Diário Oficial do Estado de 16 de julho de 2025.


O escândalo do duplo vínculo e a omissão dos órgãos de controle

A conduta da servidora pode configurar acúmulo ilegal de cargos, enriquecimento ilícito e fraude administrativa. Pela Constituição Federal, é vedado ao servidor público exercer dois cargos remunerados na administração pública, exceto nos casos de acúmulo legal (como professor ou profissional da saúde com compatibilidade de horários). No caso de Irlândia, há evidente incompatibilidade geográfica e de jornada.

Enquanto isso, servidores que realmente atuam em Tucuruí enfrentam perseguição, sobrecarga e desvalorização.


Cadê o Ministério Público?

Diante dos fatos públicos e documentados, é urgente que o Ministério Público do Estado do Pará, o Tribunal de Contas e a Controladoria-Geral do Estado se posicionem. A população exige transparência, responsabilização e fim da impunidade para casos como este, que sangram os cofres públicos e desmoralizam o serviço público diante dos cidadãos.

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