O governo brasileiro recusou, nesta terça-feira (6), uma proposta apresentada pelos Estados Unidos para classificar as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A proposta foi formalizada durante uma reunião em Brasília entre autoridades nacionais e uma comitiva americana liderada por David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA.
Segundo informações o objetivo da proposta era permitir que os Estados Unidos aplicassem sanções mais severas às facções brasileiras, com base em sua legislação antiterrorismo. De acordo com Gamble, o FBI já identificou a atuação das duas organizações criminosas em ao menos 12 estados norte-americanos, como Nova York, Flórida e Nova Jersey. As autoridades americanas alegam que membros das facções utilizam o território dos EUA para lavar dinheiro com apoio de brasileiros que viajam ao país.
Apesar da pressão diplomática, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) argumentou que o ordenamento jurídico brasileiro não permite a classificação de grupos criminosos como terroristas quando sua atuação tem finalidade meramente econômica e não ideológica. Participaram da reunião representantes dos ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública, além da Polícia Federal.
As autoridades brasileiras reiteraram o compromisso com o combate ao crime organizado, citando medidas como o isolamento de líderes das facções em presídios federais e ações integradas entre forças policiais e o Ministério Público.
A visita da comitiva americana também gerou especulações sobre uma possível tentativa de pressionar o governo brasileiro a sancionar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, como havia divulgado o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). No entanto, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que também esteve com a delegação, negou que o assunto tenha sido tratado oficialmente no encontro.