Um dos maiores escândalos já registrados no esporte amador paraense veio à tona nesta semana, envolvendo diretamente o presidente da Liga Esportiva de Canaã dos Carajás (Lecc), José Antônio Vieira da Silva, conhecido popularmente como “Vascaíno”. Ele é acusado de liderar um esquema milionário de desvio e lavagem de dinheiro público destinado ao fomento do esporte local.
Desde que assumiu o comando da Lecc, Vascaíno teria recebido, por meio da Prefeitura de Canaã, mais de R$ 4 milhões em recursos públicos — valores oriundos de emendas parlamentares, convênios diretos e distribuição de materiais esportivos. A suspeita é de que grande parte desses recursos esteja sendo usada de forma irregular, com fortes indícios de enriquecimento ilícito e fraude em contratos.
As denúncias, feitas por dirigentes esportivos e apoiadas por investigações preliminares, apontam que Vascaíno mantém sob seu domínio cerca de 80% dos clubes amadores da cidade. Isso lhe daria poder absoluto sobre decisões da liga, incluindo manipulação de regulamentos, favorecimento de clubes aliados e uso político do esporte para garantir sua permanência no cargo.
Outro nome citado é o de Vanir Ribeiro, dono da empresa Vanir Acessórios e Reforma, que estaria funcionando como fachada para a movimentação dos recursos desviados. A empresa, apesar do nome genérico e sem tradição no meio esportivo, teria firmado contratos expressivos com a liga, levantando suspeitas sobre sua real função nos esquemas financeiros.
Controle absoluto e ausência de democracia
Fontes internas relataram que há anos não se realiza um processo democrático real dentro da Lecc. Reuniões são convocadas às pressas, sem ampla divulgação, e a composição da diretoria não muda, sempre orbitando em torno de Vascaíno e seus aliados. Tentativas de renovação por parte de clubes independentes são sistematicamente barradas.
Para muitos atletas e dirigentes, o caso representa uma traição ao espírito esportivo e ao trabalho social promovido por centenas de voluntários nas comunidades. “O dinheiro que deveria estar comprando bolas, fardamentos e bancando campeonatos, está indo para empresas fantasmas. E a juventude está sendo deixada de lado”, afirmou um dirigente que preferiu não se identificar.
Clamor por investigação rigorosa
Com a revelação do escândalo, a população local começa a pressionar o Ministério Público e a Câmara de Vereadores para que tomem providências imediatas.
Enquanto isso, o silêncio da diretoria da liga e da própria prefeitura levanta ainda mais dúvidas. Até o momento, Vascaíno não se pronunciou publicamente sobre as acusações.
O caso deve ganhar novos capítulos nos próximos dias, com possibilidade de abertura de uma CPI local e o avanço das apurações por órgãos estaduais.