Escândalo na Alepa: assessor de Chicão teria recebido R$ 250 mil de empresa favorecida por mais de R$ 100 milhões em contratos

Enquanto Chicão tenta se afastar das denúncias, documentos revelam um fluxo de dinheiro que passa direto por seu gabinete. A construtora que mais lucrou na Alepa durante sua gestão é a mesma que depositou R$ 250 mil ao seu chefe de gabinete.
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A teia de suspeitas que envolve o presidente da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), deputado Chicão (MDB), acaba de ganhar novos desdobramentos. Documentos analisados pela imprensa investigativa revelam que o chefe de gabinete do parlamentar, Fabrício Buarque Corrêa, recebeu R$ 250 mil em depósitos da construtora Líder Engenharia, empresa que acumulou mais de R$ 100 milhões em contratos públicos durante a gestão de Chicão.

A denúncia, inicialmente trazida à tona pelo jornalista Adriano Wilkson no âmbito da Operação Expertise, aponta um elo financeiro direto entre a construtora e o núcleo mais próximo do presidente da Alepa, desmontando o discurso de distanciamento que Chicão vinha sustentando até agora.

A revelação central da investigação é o recebimento de R$ 250 mil por Fabrício Buarque Corrêa, assessor e chefe de gabinete de Chicão, em depósitos da Líder Engenharia. Este pagamento direto, descoberto no início de setembro, contradiz a narrativa de Chicão, que vinha atenuando seu envolvimento nas apurações e alegando que os contratos da construtora com a Casa seguiam trâmites regulares. A transação expõe um elo financeiro direto, levantando suspeitas de favorecimento e corrupção.

Até então, o deputado vinha minimizando seu envolvimento, alegando que os contratos seguiam “trâmites normais”. No entanto, a descoberta de repasses para seu braço-direito no gabinete expõe uma linha direta de favorecimento: a empresa que mais lucrou na sua gestão também destinou recursos a quem ocupa posição estratégica ao seu lado.

Para investigadores e opositores, trata-se de um indício claro de corrupção sistêmica: contratos vultosos de um lado, depósitos a figuras-chave do outro.

O Elos e os Contratos Milionários

A Líder Engenharia, pertencente ao empresário Jacélio Faria da Igreja, tornou-se uma das principais beneficiárias de contratos públicos no Pará durante a gestão de Chicão. Os valores recebidos pela empresa junto à Alepa nos últimos anos são alarmantes e somam um montante superior a R$ 100 milhões:

2021: R$ 327.882,11

2022: R$ 379.565,84

2023: R$ 34.919.923,13

2024: R$ 44.244.895,42

2025 (até setembro): R$ 29.946.564,02

Empresário Jaceli Igreja, proprietário da Líder Engenharia ao lado do deputado Chicão.

O levantamento da PF aponta que todos os contratos foram assinados pelo próprio presidente da Alepa, o que intensifica os questionamentos sobre a sua responsabilidade e o potencial conflito de interesses.

Repercussão e Cobrança por Respostas

A descoberta dos pagamentos diretos e o volume de contratos milionários provocaram uma forte repercussão política nos bastidores da política paraense. Deputados de oposição e a sociedade civil já cobram explicações públicas do presidente Chicão. Um parlamentar, ouvido em condição de anonimato, afirmou que a situação “não se trata apenas de contratos vultosos, mas de indícios de favorecimento que precisam ser esclarecidos”.

O silêncio do deputado e a ausência de respostas oficiais da Alepa apenas reforçam a pressão. Para críticos, a crise deixa de ser apenas um problema jurídico e se transforma em um abalo institucional, atingindo em cheio a credibilidade da Assembleia.

A principal questão que paira agora sobre a Assembleia Legislativa do Pará é: quando Chicão explicará publicamente os depósitos feitos em nome de seu chefe de gabinete pela empresa que mais lucrou em sua gestão? A pressão por transparência e por uma resposta convincente tende a aumentar, com a investigação da Polícia Federal em andamento e o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).

Enquanto a Polícia Federal segue aprofundando as apurações da Operação Expertise, o escândalo expõe não apenas um esquema de contratos suspeitos, mas um modelo de poder baseado em favorecimentos bilionários, que agora está no centro do maior caso de corrupção política recente do Pará.

Agentes da polícia federal realizam Operação Expertise em Belém: veja os vídeos


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