Empreiteira investigada por corrupção faturou R$ 2,3 bilhões no Pará sob comando de aliado do governo Lula

Diego Benitah Batista, nomeado em 2023, era secretário parlamentar na Câmara. Hoje comanda a unidade que mais contrata a LCM no país, mesmo com investigações em andamento
Facebook
WhatsApp

A empreiteira LCM Construção e Comércio, atualmente investigada pela Polícia Federal na Operação Route 156 por supostas fraudes em licitações e desvios de verbas públicas, firmou contratos bilionários com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em todo o Brasil. E o Pará aparece no topo dessa lista, com R$ 2,3 bilhões em acordos assinados.

O responsável pela superintendência regional do DNIT no Pará é Diego Benitah Batista, nomeado em abril de 2023 pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Benitah, que anteriormente atuava como secretário parlamentar na Câmara dos Deputados, assumiu o cargo como indicação política, alinhado com o Palácio do Planalto.

A ascensão da LCM no estado não começou agora: os contratos datam desde 2015, com R$ 164 milhões inicialmente. No entanto, o pico aconteceu em 2021, quando a empreiteira abocanhou sozinha cerca de R$ 1,1 bilhão em contratos em solo paraense.

Criada em 2014, a LCM aproveitou o vácuo deixado pelas empreiteiras tradicionais, que foram atingidas pelos escândalos da Lava Jato. Desde então, passou a ser favorecida em diversas licitações públicas, acumulando cerca de R$ 15 bilhões em contratos com o DNIT — dos quais, ao menos R$ 10 bilhões já foram pagos.

Ligação política e verbas do “orçamento secreto”

A LCM já embolsou cerca de R$ 10 bilhões do governo federal, dos quais R$ 418 milhões vieram diretamente de emendas parlamentares — inclusive do famigerado “orçamento secreto”, mecanismo revelado por desviar recursos sem transparência. A combinação de apadrinhamento político, contratos bilionários e ausência de fiscalização rigorosa cria um ambiente fértil para fraudes e desvios.

A situação no Amapá, investigada pela PF, pode ser apenas a ponta do iceberg. A operação Route 156 revelou um esquema de direcionamento de licitações envolvendo o DNIT no Amapá, onde a LCM tem R$ 192 milhões em contratos. Lá, o superintendente foi afastado, o presidente da empresa teve bens apreendidos, e até um suplente do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, entrou na mira das autoridades.

O Pará, portanto, é o principal campo de atuação da empreiteira. O estado lidera o ranking de valores contratados, superando inclusive regiões com maior extensão de rodovias. Uma discrepância que levanta questionamentos sobre os critérios utilizados nas contratações.

Apesar das denúncias, o DNIT afirmou, em nota, possuir “mecanismos internos de integridade e controle” para evitar fraudes. A LCM, por sua vez, se defende dizendo ser uma “tradicional empresa mineira de construção pesada”.

A conexão entre a LCM e o governo do Pará, via DNIT, reforça as suspeitas de aparelhamento e favorecimento político dentro da máquina pública. O silêncio do governo estadual sobre o assunto é, até agora, ensurdecedor — enquanto os cofres públicos seguem irrigando contratos bilionários sob investigação.

O Pará precisa explicar. Urgente.

O histórico recente de escândalos em obras públicas no estado — incluindo hospitais inacabados e orçamentos inflados — não pode ser ignorado. Com a LCM no centro de uma investigação nacional, o fato de o Pará liderar os contratos sem qualquer questionamento interno é, no mínimo, preocupante.

A sociedade paraense tem o direito de saber: quem está ganhando com esses bilhões? Onde estão sendo aplicados os recursos? E por que, mesmo com indícios de irregularidades em outros estados, aqui a situação segue “normal”?

A verdade precisa aparecer. E o Pará precisa ser investigado com o mesmo rigor.

Nos acompanhe no WhatsApp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Siga o Canal PBS nas Redes