Eles estão de volta: Investigados por corrupção voltam ao poder em Canaã com aval da prefeita josemira

Escândalo do GAECO parece não ter intimidado organização que agora retorna à cena com cargos, alianças e novos contratos
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Corrupção exposta, mas ignorada

Mesmo após uma denúncia robusta do Ministério Público do Pará — com mais de 129 páginas — que detalha o maior esquema de corrupção da história de Canaã dos Carajás, os principais envolvidos estão de volta ao poder, reagrupados e politicamente protegidos pela base do governo municipal.

A denúncia feita pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) revelou a existência de uma organização criminosa institucionalizada, com ramificações dentro da Prefeitura e da Câmara Municipal. O grupo teria fraudado licitações, superfaturado contratos e desviado milhões de reais. os principais nomes implicados parecem gozar de uma blindagem política e administrativa sem precedentes. Figuras-chave, apontadas como líderes de uma organização criminosa que fraudava licitações e desviava recursos públicos, não apenas permanecem em seus postos estratégicos, mas continuam a assinar contratos e a se fortalecer politicamente sob a gestão da prefeita Josemira Gadelha (MDB), que mantém um silêncio absoluto sobre o escândalo.


Núcleo político permanece intacto

Josemira Gadelha (MDB) – Prefeita

Apesar de comandar a gestão sob a qual os escândalos se aprofundaram, Josemira Gadelha mantém silêncio absoluto. Mesmo com o envolvimento direto de secretários, vereadores e empresários aliados em fraudes comprovadas, nenhuma sindicância foi aberta e nenhum dos investigados foi afastado.


Adam Carlos Amorim, acusado de receber propinas para liberar medições fraudulentas relacionadas às empresas

Adam Carlos Amorim – Secretário de Governo

No epicentro do poder, o secretário de Governo, Adam Carlos Amorim, segue assinando contratos milionários. Ele é formalmente acusado pelo GAECO de receber propinas para liberar medições fraudulentas de contratos ligados à ISO Engenharia e ao Consórcio Ravi. Mesmo com interceptações telefônicas detalhando sua suposta participação, Adam Carlos permanece em uma posição que controla os processos administrativos da prefeitura, uma afronta direta à moralidade pública.

Flávio Gomes de Souza (“Flávio Gadelha”) – Presidente da Câmara

O atual presidente da Câmara Municipal, vereador Flávio Gomes de Souza, que estrategicamente adotou o nome político de “Flávio Gadelha” para se alinhar à prefeita, também é citado como membro do núcleo político da organização criminosa. A denúncia aponta que ele teria recebido vantagens ilícitas através de boletos pagos por empresas contratadas pelo município em nome de seu filho. Apesar das graves acusações, a Câmara de Vereadores, sob sua presidência, segue inerte. Nenhum vereador da atual legislatura se manifestou sobre o conteúdo da denúncia, levantando sérios questionamentos sobre o compromisso do legislativo com a fiscalização e o interesse público.


Empresários voltam com força total

Gilvan da Van (Gilvan Pinheiro) – Pré-candidato pelo MDB

O caso de Gilvan da Silva Pinheiro, conhecido como “Gilvan da Van”, é emblemático. Apontado pelo MP como um dos três principais líderes do núcleo empresarial do esquema, utilizando empresas para fraudar licitações e superfaturar contratos de transporte, remoção de pacientes e obras, Gilvan recentemente filiou-se ao MDB, o mesmo partido da prefeita Josemira Gadelha. A manobra é vista por analistas como uma tentativa de buscar abrigo político e continuar velhas práticas, zombando da opinião pública em meio ao maior escândalo da história da cidade.

João Vicente Ferreira do Vale (“Branco da White”) – Dono da White Tratores

É apontada como integrante direta do núcleo empresarial, atuando para simular concorrência e manipular licitações. Documentos do próprio portal da prefeitura mostram que a empresa recebeu dezenas de milhões de reais anualmente, com despesas pagas que somam mais de R$ 34,4 milhões em 2021, R$ 52,8 milhões em 2022, R$ 41,2 milhões em 2023, e R$ 60,5 milhões em 2024. Há, inclusive, despesas empenhadas que ultrapassam R$ 24,8 milhões para o exercício de 2025, indicando que a relação comercial com a prefeitura, no cerne da investigação, continua inabalada.. João Vicente também é citado como operador direto do esquema de repasses e acordos ilícitos, ao lado de sua esposa, Rogeane do Vale, dona da Monothy Terraplenagem.

Ailson Ferreira Alves (“Ailson da White”)

Ex-vereador e empresário ligado ao setor de máquinas. Citado como articulador e beneficiário de contratos fraudulentos. É apontado como operador e beneficiário direto de fraudes e pagamentos por fora.


Como funcionava o esquema

O MPPA descreveu uma engenharia criminosa bem montada:

  • Contratos direcionados com empresas pré-escolhidas;
  • Medições fraudulentas de serviços não executados;
  • Notas fiscais falsas e pagamentos em valores acima do mercado;
  • Repasse de 6% a 10% de cada contrato como propina para agentes públicos;
  • Pagamentos ilegais por boletos e laranjas.

Silêncio e conivência institucional

Nenhuma providência foi tomada. Nenhuma resposta foi dada pela Câmara. Todos seguem calados. A denúncia, que deveria provocar uma resposta contundente do poder público, foi ignorada — e os personagens centrais retornaram à cena política com ainda mais força.

Quando o silêncio é cúmplice

O que se vê em Canaã dos Carajás é o retrato de uma democracia local fragilizada. O silêncio da prefeita, a omissão da Câmara e a reintegração de investigados ao poder escancaram o desprezo institucional pela ética pública. A cidade clama por respostas — mas encontra, por enquanto, alianças recicladas, velhas práticas e impunidade política.

O GAECO, em sua denúncia, faz uma dura analogia, afirmando que Canaã deixou de ser a “Terra Prometida” para se transformar em uma “Terra COMPROMETIDA com a corrupção”. A permanência dos investigados em posições de poder e a continuidade dos contratos com as empresas citadas passam uma mensagem clara de impunidade.

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