Entre janeiro e junho de 2025, a bancada paraense na Câmara dos Deputados consumiu exatos R$ 2.999.426,13 da chamada Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), popularmente conhecida como “cotão”. O dinheiro público, que deveria servir para sustentar o mandato parlamentar com responsabilidade, virou passaporte para gastos questionáveis e regalias escancaradas.
No topo do ranking: publicidade, voos e consultorias
A campeã de gastos foi a deputada Andreia Siqueira, que sozinha utilizou R$ 320.554,98. Só no mês de fevereiro, desembolsou R$ 80.966,67 – valor suficiente para equipar um posto de saúde inteiro ou pagar salários de dezenas de professores da rede básica.
Em segundo lugar, Pastor Claudio Mariano gastou R$ 313.456,79, priorizando transporte aéreo e divulgação. A lista segue com Renilce Nicodemos (R$ 294.056,40), que torrou R$ 185,9 mil com fretamento de aeronaves, e Keniston Braga (R$ 272.965,19), com foco em publicidade, telefonia e serviços postais.
Custo das “atividades parlamentares” inclui jatinhos e gráfica
No total, R$ 722 mil foram torrados com divulgação parlamentar, que nada mais é do que autopromoção disfarçada de prestação de contas. O fretamento de aeronaves, que deveria ser exceção, consumiu absurdos R$ 310,9 mil. E ainda houve R$ 153 mil em passagens aéreas — tudo pago com dinheiro do contribuinte.
Parlamentares como Olival Marques, Éder Mauro e Raimundo Santos também aparecem entre os dez maiores gastadores, com valores entre R$ 261 mil e R$ 269 mil. Quase todos tiveram um padrão em comum: o uso intensivo de verba com consultorias, comunicação institucional e viagens.
E quem menos gastou?
Na base da tabela, três parlamentares chamam atenção pela moderação nos gastos:
- Elcione Barbalho (R$ 91.487,06),
- Delegado Caveira (R$ 110.581,47),
- Antônio Doido (R$ 119.421,89).
A pergunta que fica: se alguns conseguem exercer o mandato com menos da metade da cota, por que os demais precisam usar tudo — e até beirar o teto mensal permitido?
Cotão: reembolso sem limites práticos
A CEAP funciona por reembolso. Ou seja, o deputado gasta, apresenta a nota fiscal e recebe o dinheiro de volta. Na teoria, tudo deveria ser fiscalizado. Na prática, os critérios são amplos demais e a sensação é de que virou uma verba de uso livre e recorrente, onde voar de jatinho, pagar propaganda pessoal e contratar consultorias virou “rotina de trabalho”.
Reflexão urgente: onde está a prioridade?
Em um estado como o Pará, onde faltam médicos, segurança e infraestrutura, ver mais de R$ 3 milhões sendo consumidos em seis meses para manter os privilégios da classe política é um deboche com o cidadão que trabalha duro e mal consegue um serviço público decente.
Enquanto os paraenses enfrentam filas, buracos e abandono, a elite política do estado segue voando alto — literalmente.
ista dos maiores gastadores (Top 16)
- Andreia Siqueira – R$ 320.554,98
- Pastor Claudio Mariano – R$ 313.456,79
- Renilce Nicodemos – R$ 294.056,40
- Keniston Braga – R$ 272.965,19
- Olival Marques – R$ 269.842,30
- Delegado Éder Mauro – R$ 267.794,82
- Raimundo Santos – R$ 261.904,11
- Airton Faleiro – R$ 255.053,46
- Alessandra Haber – R$ 247.604,62
- Henderson Pinto – R$ 247.188,51
- Dilvanda Faro – R$ 240.611,95
- Joaquim Passarinho – R$ 211.980,29
- José Priante – R$ 167.202,11
- Júnior Ferrari – R$ 123.862,41
- Antônio Doido – R$ 119.272,00
- Delegado Caveira – R$ 110.212,47
Os principais focos de gastos: divulgação de mandato, fretamento de aeronaves, passagens aéreas, combustíveis e consultorias. Em alguns casos, os parlamentares gastaram mais de R$ 70 mil em um único mês.















