Canaã e Parauapebas podem sentir efeitos de nova tarifa dos EUA sobre minérios

Decisão deve entrar em vigor no dia 1º de agosto e pode afetar gravemente os setores mineral e agropecuário do estado
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O setor produtivo do Pará foi pego de surpresa nesta quarta-feira (9) com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma nova tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros, que deve entrar em vigor já no dia 1º de agosto. A medida, parte da escalada da guerra comercial travada por Trump, caiu como uma bomba entre empresários e exportadores paraenses que enxergam na decisão um risco iminente para a economia do estado.

O Canal PBS procurou as assessorias das duas principais entidades representativas do setor — a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA) —, mas os presidentes optaram por ainda não se manifestar oficialmente sobre os impactos da taxação. Um posicionamento conjunto é esperado para esta quinta-feira (10).

Mesmo sem declarações oficiais, empresários ouvidos informalmente pela reportagem se mostraram apreensivos. A medida, vista por muitos como política travestida de ação econômica, pode atingir diretamente as exportações paraenses, principalmente de minérios e produtos do agronegócio.

O Pará tem ampliado significativamente suas exportações para os Estados Unidos em 2025, mesmo diante de barreiras comerciais já impostas anteriormente por Washington, como as tarifas sobre aço e alumínio. Agora, com a nova taxação de 50%, o temor é de que o estado perca competitividade no mercado internacional.

Entre os principais produtos exportados pelo Pará para os EUA estão o minério de ferro, o minério de cobre e a alumina — todos com forte concentração na região de Carajás, notadamente nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás. Essas cidades são responsáveis por uma parte expressiva da balança comercial do estado.

No agronegócio, a carne bovina e a soja são os principais produtos paraenses com destino ao mercado norte-americano. Embora a China seja o principal destino das commodities agrícolas do estado, os EUA ainda figuram como um parceiro estratégico. A habilitação de novas indústrias paraenses para exportar ao mercado chinês, inclusive, poderia influenciar positivamente a balança comercial com os norte-americanos, por conta do redirecionamento de excedentes.

Além dos setores mineral e agropecuário, o Pará também exporta para os EUA produtos como alumínio e insumos florestais, embora em menor escala. Ainda assim, a nova tarifa pode ampliar o custo logístico e reduzir a margem de lucro dos exportadores, refletindo na arrecadação estadual e na geração de empregos locais.

A decisão de Trump foi acompanhada de um gesto político polêmico: o envio de uma carta ao presidente Lula (PT) na qual o líder norte-americano critica duramente o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe em 2022. No documento, Trump chamou o processo de “caça às bruxas” e classificou o julgamento como uma “vergonha internacional”, reforçando que, em sua visão, a nova tarifa tem também um viés de retaliação política.

A repercussão da medida deverá dominar o debate econômico e diplomático entre Brasil e Estados Unidos nos próximos dias, e o Pará — que tem grande dependência da exportação de commodities — já sente os primeiros efeitos da incerteza.

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