Canaã dos Carajás afunda em escândalo: aprovados são ignorados enquanto corruptos seguem no poder

Enquanto estudantes aprovados no concurso público da Prefeitura de Canaã dos Carajás enfrentam barreiras ilegais e são ignorados pelo poder público, figuras denunciadas por corrupção seguem intactas, acumulando contratos milionários e protegidas politicamente.
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Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, vive um colapso institucional. A cidade enfrenta uma crise moral e administrativa sem precedentes, com denúncias de corrupção bilionária, manipulação de licitações e blindagem de investigados que seguem firmes nos cargos de confiança, enquanto aprovados em concurso público são descartados por uma “cláusula de barreira” considerada por muitos como um instrumento para manter o cabide eleitoral.

Aprovados no concurso público são ignorados e descartados

Mesmo com a realização do concurso público regido pelo edital 001/2024, estudantes que conseguiram a tão sonhada aprovação têm sido sumariamente excluídos após o preenchimento das vagas imediatas, em razão de uma cláusula criada pela própria gestão Josemira Gadelha (MDB), que elimina todo o cadastro de reserva.

Cerca de 70% dos servidores municipais hoje são temporários ou comissionados. Segundo o Relatório de Gestão Fiscal, a folha ultrapassa os R$ 414 milhões por ano — número que, segundo especialistas, poderia ser reduzido significativamente caso a prefeita substituísse os contratos precários por efetivos. Isso, no entanto, não parece ser prioridade do governo atual.

Estudantes protestam e são ignorados pelo Legislativo e Executivo

Diversas manifestações ocorreram, incluindo protestos na Câmara de Vereadores e durante o evento “Cidade Junina”, mas a resposta do poder público tem sido o silêncio. Durante sessão da câmara, estudantes foram confrontados por vereadores, evidenciando o alinhamento do Legislativo com o Executivo — uma submissão que custa caro ao povo e favorece o esquema de poder vigente.

Nenhum vereador se manifestou em defesa dos concursados. A base aliada da prefeita Josemira Gadelha continua ignorando os protestos e blindando sua gestão, mesmo diante das inúmeras provas e denúncias.

Justiça mantém cláusula de barreira e aprova manutenção de temporários

Recentemente, a Justiça negou o pedido de liminar que buscava suspender a cláusula de barreira. O juiz Danilo Alves Fernandes, da 1ª Vara Cível, entendeu que a cláusula é válida se baseada em critérios objetivos. O Ministério Público também opinou contra a suspensão.

Na mesma decisão, foi rejeitado o pedido de demissão dos temporários com mais de 48 meses de contrato. A sentença reforça que as nomeações seguem a conveniência da gestão — um duro golpe nos milhares de aprovados que hoje estão sem perspectiva de serem chamados.

Denúncia do GAECO expõe organização criminosa dentro da Prefeitura

Segundo denúncia robusta do Ministério Público do Pará (MPPA), com mais de 129 páginas, uma organização criminosa institucionalizada opera dentro da Prefeitura de Canaã dos Carajás. A investigação conduzida pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) revelou um esquema bilionário de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos.

Entre os principais nomes envolvidos estão empresários como João Vicente Ferreira do Vale (“Branco da White”), Gilvan da Van e o ex-vereador Ailson da White — todos com contratos milionários junto à prefeitura. O secretário de governo Adam Carlos Amorim é acusado formalmente de receber propinas em troca de liberações fraudulentas.

Mesmo diante de provas materiais, interceptações telefônicas e anotações detalhando o pagamento de propinas entre 6% e 10% do valor dos contratos, nenhum dos investigados foi punido. Ao contrário, muitos permanecem em cargos estratégicos ou continuam faturando alto com o dinheiro público.

Blindagem e silêncio: a marca da atual gestão

Apesar do envolvimento direto de seus aliados, a prefeita Josemira Gadelha mantém silêncio absoluto. Não abriu sindicância, não afastou ninguém e, estrategicamente, mantém o grupo político e empresarial que comanda o esquema. Gilvan da Van, por exemplo, denunciado como um dos chefes do núcleo empresarial criminoso, filiou-se ao MDB, mesmo partido da prefeita, em uma tentativa de se blindar politicamente.

O presidente da Câmara, Flávio Gadelha, que também foi citado como beneficiário de vantagens ilícitas, sequer pautou qualquer debate sobre a denúncia na Casa Legislativa. A omissão do Legislativo, segundo analistas, evidencia um conluio institucional entre os poderes para abafar o escândalo.


Conclusão

Em Canaã dos Carajás, o que deveria ser um processo de moralização do serviço público — o concurso — está sendo sabotado. Enquanto isso, os verdadeiros responsáveis por fraudes, desvios e corrupção seguem intocáveis, ricos e no poder. A cidade, que vive o maior escândalo de corrupção de sua história, clama por justiça, por voz e por representação real.

Até quando os poderes permanecerão calados? Até quando a justiça será cega para os de cima e implacável para os de baixo?

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