Parauapebas vive um momento crítico em sua política local. Em uma semana marcada por intensos embates legislativos, a Câmara Municipal rejeitou três requerimentos relevantes — dois voltados à fiscalização de contratos públicos e outro, apresentado pelo vereador Zé do Bode, com foco em melhorias básicas para um bairro esquecido pela administração municipal.
Pedido por Asfalto e Limpeza é Barrado por Rixa Política, Denuncia Zé do Bode
Durante a sessão ordinária, o vereador Zé do Bode subiu à tribuna para denunciar o que classificou como perseguição política. Seu requerimento, que solicitava limpeza urbana e manutenção asfáltica, foi rejeitado pela base governista, mesmo não contendo qualquer denúncia ou crítica direta ao Executivo.
“Não era um requerimento grave. Não atacava ninguém. Era só para levar dignidade a quem mora ali”, disse Zé do Bode, revoltado.
O vereador afirmou que o bairro retratado em seu pedido sofre com abandono, com ruas tomadas por mato, buracos e lixo. Para ele, a rejeição é fruto de um alinhamento político da Câmara com o Executivo, que estaria dando ordens para rejeitar todos os pedidos oriundos da oposição.
“Estão votando contra o povo por birra política. Quem sofre é o morador, que já é ignorado pelo Executivo, e agora também pelo Legislativo”, criticou.
Requerimentos por Transparência em Contratos Públicos Também São Rejeitados
A mesma sessão também teve a rejeição de dois requerimentos voltados à transparência de contratos milionários, ambos solicitando documentos que deveriam, por lei, estar disponíveis no Portal da Transparência.
Requerimento nº 112/2025 – SAAEP e empresa J.R.X Locações
De autoria do vereador Sargento Nogueira, o requerimento solicitava informações detalhadas sobre contratos firmados entre a SAAEP e a empresa J.R.X Locações e Serviços. O pedido incluía dados como:
- Valor e vigência dos contratos;
- Relatórios de execução;
- Empenhos liquidados e pagos;
- Quantidade e placas dos veículos locados;
- Local de uso dos equipamentos.
Apesar da clareza e relevância da solicitação, o requerimento foi rejeitado.
Requerimento nº 113/2025 – Contrato com Consórcio Vitória
A vereadora Maquivalda também teve seu pedido negado. Ela solicitava cópias de documentos do Contrato nº 202200399, firmado com o Consórcio Vitória, que sofreu um reajuste de R$ 8 milhões, valor que não aparece no Portal da Transparência.
Maquivalda foi contundente:
“Se a lei estivesse sendo cumprida e as informações estivessem no Portal da Transparência, esses requerimentos nem precisariam existir.”
Como Votaram os Vereadores?
A favor da transparência e das melhorias:
- Maquivalda
- Sargento Nogueira
- Zé do Bode
- Erica Ribeiro
Contra ou se abstiveram:
- Elias da Construforte
- Fred Sanção
- Sadisvan Pereira
- Laécio da ACT
- Leandro do Chiquito
- Tito do MST
- Léo Márcio
- Zé da Lata
- Graciele Brito
- Michel Carteiro
- Alex Ohana (absteve-se)
Fiscalização Seletiva e a Blindagem ao Executivo
O episódio escancara o descompasso entre o discurso e a prática. Muitos dos vereadores que hoje barram requerimentos foram os mesmos que, em campanha, prometeram ser fiscais do povo. Agora, atuam para blindar o Executivo até mesmo de pedidos por asfalto e transparência contratual.
A população — que deveria ser a prioridade — continua esquecida. Os vereadores da base, ao seguirem orientações políticas ao invés do interesse público, transformam a Câmara em uma extensão do gabinete do prefeito.
Enquanto a cidade clama por infraestrutura e transparência, o Legislativo se cala, se curva — e falha com o povo.
