Enquanto a população cobra mais transparência, economia e eficiência no uso do dinheiro público, a Câmara Municipal de Parauapebas chama atenção pelo alto volume de recursos destinados à publicidade institucional. Apenas em 2025, os registros oficiais de despesas mostram que o Legislativo municipal já pagou R$ 935.828,25 à empresa K. J. da S. Carneiro EIRELI, uma agência de marketing sediada em Tucuruí, PA, levanta questionamentos sobre a real necessidade de tal gasto em um órgão legislativo cujo foco primordial deveria ser a fiscalização e a legislação, não a autopromoção. contratada para executar serviços de publicidade.
Os pagamentos, distribuídos ao longo do ano em dezenas de empenhos, estão vinculados ao Contrato nº 20210038, renovado por meio de sexto e sétimo termos aditivos, sempre sob a mesma justificativas: como “serviços de publicidade” para “difundir ideias, princípios e iniciativas” e “informar o público em geral”, atendendo ao princípio constitucional da publicidade.
Empresa de fora, custo alto e questionamentos inevitáveis
Um ponto que levanta questionamentos é o fato de a Câmara optar por contratar uma empresa privada de fora, mesmo sendo um serviço essencialmente institucional e recorrente. Isso levanta uma pergunta simples, mas incômoda: o município não dispõe de estrutura técnica, servidores ou setores internos capazes de produzir conteúdo institucional, comunicados oficiais e materiais informativos?
Em tempos de plataformas digitais, redes sociais e canais próprios de comunicação, o custo elevado para “difundir ideias e informar o público” soa desproporcional, especialmente quando os valores se repetem mês após mês, em empenhos fragmentados que variam de poucos milhares a mais de R$ 30 mil por vez.
Gastos dessa magnitude com propaganda são incompatíveis com as funções essenciais de uma câmara municipal, especialmente em um contexto nacional onde despesas semelhantes já geraram controvérsias.
A empresa contratada, conhecida como Shekinah Marketing, já firmou contratos semelhantes com outros municípios paraenses. No entanto, a repetição de aditivos contratuais – chegando ao sétimo em setembro – alimenta suspeitas de falta de concorrência real e possível ineficiência no uso do dinheiro público.
O caso expõe um debate maior: prioridades. Em um município que enfrenta demandas urgentes em áreas como saúde, infraestrutura e serviços básicos, gastar quase R$ 1 milhão com publicidade legislativa não passa despercebido.
Fica a cobrança:
👉 Por que não investir em uma estrutura própria de comunicação?
👉 Qual a real necessidade de terceirizar esse serviço a custo tão elevado?
👉 Quem fiscaliza o conteúdo produzido e os resultados entregues?
Enquanto essas perguntas seguem sem resposta clara, os números falam por si — e reforçam a necessidade de maior rigor, transparência e responsabilidade no uso do dinheiro do contribuinte.




