Justiça Eleitoral enterra Antônio Doido: 8 anos de inelegibilidade por transformar dinheiro público em moeda eleitoral

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Em uma decisão que expõe sem meias palavras o cinismo da classe política paraense, a Justiça Eleitoral da 72ª Zona de Ananindeua declarou inelegível por oito anos o ex-deputado federal Antônio Leocádio dos Santos, mais conhecido como “Antônio Doido” (MDB). O veredicto, proferido pelo juiz Adelino Arrais Gomes da Silva em uma sentença de 15 páginas afiada como uma lâmina, não é apenas uma punição: é um tapa na cara da democracia, revelando como verbas parlamentares – dinheiro do contribuinte – foram transformadas em um circo eleitoral para inflar o ego e a visibilidade de um político que parece mais interessado em holofotes do que em governar com decência.

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), movida pela coligação “Ananindeua do Povo, Pra Mudança Continuar” e pelo prefeito reeleito Daniel Barbosa Santos (PSB), foi julgada parcialmente procedente, pintando um quadro sombrio de abuso de poder político e econômico nas eleições municipais de 2024. Antônio Doido, que não poupou esforços para se autopromover, usou emendas parlamentares – aquelas supostamente destinadas a obras essenciais – para bancar um festival de extravagâncias que beiram o ridículo. Imagine: um show nacional no Dia do Trabalhador, sorteios de motos, geladeiras e televisores, tudo regado a brindes caros e cestas básicas distribuídas como se fossem doces em festa de criança. E o financiador? O erário público, claro, com divulgação midiática que estampava o nome de “Doido” em letras garrafais, como se fosse o anfitrião de um banquete particular.

O juiz Arrais da Silva não deixou margem para dúvidas: essas práticas não foram meros “eventos comunitários”, mas um “projeto político” sistemático, construído à sombra da máquina estatal para distorcer a vontade popular. “Utilização sistemática, midiática e autopromocional de recursos públicos”, escreveu o magistrado, destacando que o esquema afetou a normalidade e a legitimidade do pleito, independentemente do resultado nas urnas. Obras públicas, como um projeto de pavimentação asfáltica de R$ 48 milhões, foram “aprovadas” com o nome de Antônio Doido grudado como um selo de propriedade, transformando infraestrutura em moeda de troca eleitoral. É o clássico: o povo paga a conta, e o político colhe os aplausos – ou, no caso, os votos.

Embora a investigação tenha citado também a vice-prefeita Maria Eunice Carvalho de Moraes, a Justiça concluiu que não houve provas de envolvimento direto dela nas irregularidades.
Por isso, apenas Antônio Doido foi condenado à inelegibilidade, ficando impedido de disputar eleições até 2032.

A sentença contra Antônio Doido não é só uma punição individual — é um alerta contra o uso do dinheiro público como moeda eleitoral.
Shows, brindes e obras com placa personalizada são velhas estratégias de quem trata o eleitor como espectador de circo político.

Se a Justiça quer dar um recado, que ele ecoe:
político que usa o orçamento como vitrine pessoal merece não só inelegibilidade, mas repúdio popular.

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