Justiça condena ex-vereador de Parauapebas por esquema de funcionária fantasma que desviou R$ 688 mil

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Em um caso que grita impunidade e desfaçatez, a Justiça do Pará acaba de sentenciar o ex-vereador Zacarías de Assunção Vieira Marques e sua ex-nora, Solange Mendes dos Santos, por manterem um esquema clássico de corrupção: a famigerada “funcionária fantasma”. Durante três anos, entre 2015 e 2018, Solange embolsou salários integrais por 2 anos e 3 meses sem nunca pisar no gabinete do ex-vereador na Câmara Municipal de Parauapebas, enquanto pontuais fraudulentos eram preenchidos com horários britânicos – daqueles que só existem na imaginação de quem acha que o contribuinte é otário. O prejuízo ao erário público? Exatos R$ 688.863,18, valor que o casal agora deve ressarcir solidariamente, acrescido de juros de 1% ao mês. Mas, convenhamos: isso é só o começo de uma lambança que fede a conluio sistêmico.

A sentença, proferida nesta segunda-feira (01/11/2025, data do documento judicial vazado), não poupa palavras para o óbvio: houve simulação para desviar dinheiro público. O chefe de gabinete de Zacarías, em depoimento cínico, alegou não conhecer a “servidora”, enquanto folhas de ponto eram carimbadas com atividades fictícias que beiram o ridículo. É o retrato perfeito de como o Poder Legislativo local, supostamente guardião da moralidade, se transforma em balcão de negócios familiares. Zacarías, que se apresentou como filho de família humilde e defensor de obras viárias em seu currículo na Câmara, usou o cargo para inflar o contracheque da nora sem o menor pudor. Solange, lotada no gabinete como “assessora”, recebia valores indevidamente sem prestar qualquer serviço à Administração Pública – um roubo descarado aos impostos pagos por uma população que mal tem saneamento básico na região mineradora do Pará.

O que agrava essa palhaçada é a lentidão da Justiça: o processo, ajuizado em 2018 pela Vara de Fazenda Pública e Execução Fiscal de Parauapebas (número 0005326-24.2018.8.14.0040), só chega a uma sentença sete anos depois. Nesse interim, Zacarías – que foi vereador e depois diretor legislativo na Câmara – continuou circulando na política local sem o menor arranhão. Buscas em fontes oficiais, como o portal da Câmara Municipal de Parauapebas, revelam um histórico de indicações “benemerentes” para infraestrutura, mas nada sobre transparência ou ética. Cadê as auditorias preventivas? Cadê o Ministério Público atuando antes que o rombo chegasse a quase R$ 700 mil? Em vez disso, a decisão judicial ainda manda remeter o caso ao MP Criminal para apurar peculato e falsidade ideológica – como se isso fosse novidade. Provavelmente, mais um inquérito que engaveta por “falta de provas”, enquanto o casal ri da cara do sistema.

Essa condenação não é um troféu para a Justiça, mas um tapa na cara do eleitor paranse. Parauapebas, com sua economia ancorada na mineração e problemas crônicos de corrupção (lembram-se dos esquemas de licitações superfaturadas na região?), merece mais que uma multa retroativa. É sintoma de um Legislativo inchado, onde cargos fantasmas viram moeda de troca familiar, e vereadores como Zacarías posam de heróis locais enquanto sangram os cofres. A defesa do ex-vereador, em preliminares rejeitadas pela juíza, tentou pintar o caso como “carência probatória” e “ilegitimidade”, mas as provas – folhas falsificadas e depoimentos vazios – gritam o contrário. Resta saber: quantos outros “Solanges” ainda assombram gabinetes de Parauapebas ? E o eleitor, quando vai parar de votar em palhaços que tratam o dinheiro público como mesada familiar?

A decisão, assinada pela 1ª Grau do Tribunal de Justiça do Pará, determina o bloqueio de bens dos envolvidos e abre caminho para execução imediata. Mas, em um país onde corruptos voltam ao poder após condenações brandas, isso soa mais como paliativo que justiça de verdade. Parauapebas clama por reformas: fim de nepotismo, auditorias em tempo real e punições que doam no bolso e na liberdade. Senão, o “fantasma” da corrupção continuará rondando – e rindo – dos nossos narizes.

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