Educação em colapso: professores de Belém vão às ruas e denunciam atraso de salários e descaso da prefeitura

Revoltados com a falta de pagamento e o descaso da prefeitura, professores de Belém transformaram o centro da capital em palco de protesto e denúncia contra Igor Normando.
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Professores e trabalhadores da rede municipal de ensino voltaram às ruas nesta quarta-feira (5), em mais uma demonstração do profundo descontentamento com a política educacional da Prefeitura de Belém. A manifestação, convocada pelo SINTEPP-Belém, começou por volta das 8h da manhã em frente à Semec (Secretaria Municipal de Educação) e seguiu em passeata pelas principais avenidas da capital, ecoando palavras de ordem como:

“Não é mole não, tem dinheiro pra COP, mas não tem pra educação!”
“Professor na rua, Igor, a culpa é tua!”
“Respeitem o professor!”
“Igor Barbalho, devolve meu salário!”

Os manifestantes protestam contra a falta de pagamento do piso nacional do magistério, o atraso em salários, a ausência de diálogo com a categoria e o sucateamento crescente das escolas públicas. Segundo o sindicato, há servidores que não recebem sequer um salário mínimo como vencimento base, e o plano de cargos e carreiras está completamente estagnado.

Governo de Igor Normando em xeque

A administração de Igor Normando (MDB) vem sendo acusada de abandonar a educação municipal, enquanto o governo investe milhões na preparação de eventos ligados à COP30. Professores afirmam que a prefeitura tenta encobrir a precariedade do ensino com propaganda e ações pontuais.

“Vamos mostrar para o mundo que a educação municipal de Belém está em frangalhos. Os professores não recebem o piso, os funcionários de escola não recebem o básico, e a educação está sendo privatizada”, declarou a professora Sílvia Letícia, coordenadora do SINTEPP-Belém.

Além do descumprimento da Lei Federal nº 11.738/2008, que garante o piso nacional do magistério, os educadores denunciam falta de estrutura nas escolas, salas superlotadas, ausência de material didático e condições precárias de trabalho. O sindicato também aponta perseguições políticas a servidores que participam de mobilizações ou questionam a gestão.

Contraste com os gastos da COP30

Enquanto a categoria luta por reajuste e valorização, a Prefeitura de Belém e o Governo do Estado destinam recursos milionários para obras, marketing e hospedagem de delegações da COP30, evento climático previsto para 2025.
A ironia estampada nas faixas dos manifestantes — “Tem dinheiro pra COP, mas não tem pra educação” — reflete o sentimento geral de revolta com as prioridades do governo.

A indignação cresce à medida que o município ostenta projetos de “sustentabilidade” para impressionar visitantes internacionais, enquanto a rede municipal sofre com escolas sem ventilação adequada, infraestrutura precária e falta de pagamento digno aos profissionais.

A gestão Igor Normando afirma ter concedido reajuste salarial, mas segundo o SINTEPP, o aumento é enganoso, pois incorpora abonos e gratificações, sem refletir ganho real. Além disso, o prefeito ainda não apresentou nenhuma proposta concreta de atualização do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR).

“O discurso é de valorização, mas a prática é de desrespeito. O governo prefere investir em marketing do que garantir dignidade a quem mantém a educação viva”, destacou Sílvia Letícia.

Com professores desmotivados e escolas deterioradas, o ensino público de Belém enfrenta um dos seus piores momentos em anos.
A crise vai além do salário: afeta diretamente a aprendizagem das crianças e compromete o futuro de milhares de alunos da capital paraense.

Enquanto o prefeito Igor Normando tenta consolidar sua imagem política com discursos de “modernização”, a realidade das salas de aula revela o oposto — uma cidade que enfeita as vitrines para a COP30 enquanto deixa a educação desabar nos bastidores.

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