O clima político esquentou nesta terça-feira (22) após o advogado Dr. Milton Carvalho, morador do município há 31 anos, gravar um pronunciamento contundente questionando o plano da gestão Valdir Lemes (PSD) de vender imóveis públicos e criar parcerias com empresas privadas por meio de dois projetos de lei enviados em regime de urgência urgentíssima à Câmara Municipal.
“Eu encontrei pessoas preocupadas, dizendo que o atual gestor e os vereadores pretendem vender os imóveis do município. E como cidadão, eu quero saber: se venderem, onde vamos construir novas escolas, hospitais, creches e praças? Vamos vender barato e comprar caro depois?”, questionou o advogado, pedindo respostas públicas da administração.
As declarações de Dr. Domingo ecoam as críticas já levantadas por moradores e lideranças locais após a Prefeitura encaminhar os Projetos de Lei nº 054/2025 e nº 055/2025, que autorizou, respectivamente, a venda de bens públicos e a criação do Programa Municipal de Parcerias Público-Privadas (PPP) — medidas que, segundo especialistas, podem comprometer o futuro financeiro e administrativo de Novo Repartimento por décadas.
Dos vereadores, apenas Netinha Siqueira teve coragem de votar contra as propostas, que foram aprovadas em regime de urgência urgentíssima, sem audiência pública e sem discussão popular — o que reforça o isolamento das vozes que ainda defendem o patrimônio do povo.
O risco por trás dos projetos
O PL 054/2025 autoriza o prefeito a alienar imóveis públicos, sob a justificativa de “otimizar ativos municipais”. Na prática, abre espaço para a descapitalização do patrimônio coletivo, permitindo que terrenos valiosos sejam vendidos a preços simbólicos, sem transparência nem consulta popular.
Já o PL 055/2025 institui o Programa Municipal de PPPs, permitindo que empresas privadas assumam a gestão de serviços essenciais como saneamento, iluminação, transporte e até saúde pública — com contratos que podem durar até 30 anos, amarrando o orçamento e limitando futuras gestões.
A urgência que atropela a transparência
Os projetos chegaram à Câmara com o Ofício nº 0466/2025/SEGAD/PMNR, pedindo votação imediata — sem parecer jurídico completo, sem debate público e sem audiências.
Para críticos, trata-se de um “atalho para o caos”, onde decisões estruturais sobre o patrimônio do povo são tomadas sem o mínimo de discussão democrática.
Enquanto isso, projetos simples e urgentes, como a aquisição de um micro-ônibus adaptado para pacientes ou a construção de uma nova unidade de saúde, seguem parados — mostrando o contraste entre as prioridades da gestão e as necessidades reais da população.
Voz da população
O discurso do advogado reflete um sentimento crescente entre moradores de Novo Repartimento, que enxergam a movimentação do governo como um ataque direto ao patrimônio público.
“Essas perguntas que faço merecem respostas à altura. Estamos falando de um município que ainda precisa de infraestrutura básica, mas o prefeito parece mais preocupado em vender do que construir”, reforçou Dr. Milton.
Câmara ignora apelos populares
Apesar da gravidade das propostas, a maioria dos vereadores votou a favor, seguindo a orientação do prefeito Valdir Lemes.
A vereadora Netinha Siqueira foi a única a se posicionar contra, argumentando que projetos que envolvem o patrimônio do povo não podem ser aprovados sem transparência e debate público.A postura da Câmara foi duramente criticada nas redes sociais e nas ruas, onde moradores denunciam a falta de compromisso com o interesse coletivo.
Para muitos, a sessão representou um divisor de águas na política local, revelando quem defende a população e quem está a serviço do poder.
O que está em jogo
Com as leis aprovadas pela maioria dos vereadores, as propostas podem:
- Permitir a venda de áreas públicas estratégicas, incluindo terrenos que poderiam abrigar escolas e hospitais;
- Transformar serviços essenciais em negócios privados de longo prazo;
- Gerar aumento de tarifas e perda de controle público sobre o orçamento;
- E abrir margem para favorecimentos políticos e econômicos.
“Vender o que é do povo é assinar a falência do futuro”
A aprovação desses projetos mostra um modelo de gestão imediatista e sem compromisso com o bem comum.
Em vez de investir em saúde, educação e infraestrutura, o governo prefere liquidar o patrimônio público e entregar serviços ao setor privado, o que pode gerar tarifas mais altas e perda de autonomia municipal.
O questionamento do advogado resume o sentimento da população: “Onde construiremos o futuro se estamos vendendo o presente?”



