A 31ª Sessão da Câmara Municipal de Parauapebas desta terça-feira (21) foi palco de uma grave denúncia de violência política de gênero. A vereadora Maquivalda Barros (PDT), em discurso firme na tribuna, expôs a sistemática de ataques criminosos, incluindo adulteração de imagem por Inteligência Artificial (IA) e divulgação de material difamatório, que ela atribui a um grupo ligado à base do governo do prefeito Aurélio Goiano (AVANTE).
“Minha imagem foi dissolvida, minha voz adulterada e o meu rosto exposto nas redes sociais, tudo isso de forma criminosa. Esses ataques partem de pessoas ligadas à base da gestão municipal, que deveria dar exemplo de respeito às mulheres”, denunciou a vereadora em plenário.
A parlamentar apresentou provas, incluindo capturas de tela de perfis de redes sociais do próprio Prefeito, de seu pai, o vereador Zé da Lata (também da base), e do líder de governo na Câmara, Léo Márcio, nos quais circularam conteúdos depreciativos. O cerne da denúncia é a suposta orquestração de uma campanha para desmoralizá-la e silenciá-la em sua atuação como vereadora de oposição.
Maquivalda exibiu prints e vídeos que comprovariam a origem das publicações ofensivas e revelou que perfis anônimos chegaram a espalhar nudes falsos, montados digitalmente, insinuando que seriam dela — um ataque que ela classificou como “cruel, silencioso e real”.
Ataques Criminosos e Uso de Tecnologia para Difamação
A vereadora detalhou a natureza dos ataques, que, segundo ela, foram intensificados nos últimos meses. Entre as violações estão:
- Manipulação de Imagem e Voz: A vereadora denunciou que sua imagem foi “dissolvida por Inteligência Artificial” e sua voz “adulterada”, com seu rosto exposto em montagens ridículas.
- Difamação e Conteúdo Sexual Falso (Nudes Fakes): Foram exibidos prints onde perfis anônimos, mas ligados ao círculo do governo, espalharam “nudes (fakes)” para insinuar que seriam da parlamentar, numa clara tentativa de desqualificação moral.
- Ofensas Pessoais e Sexistas: A parlamentar relembrou ter sido chamada publicamente de “mentirosa” e, em um áudio chocante, de “prostituta velha”, apenas por estar desempenhando seu trabalho de fiscalização.
A vereadora enfatizou que esses atos vão além da crítica política e se configuram como crimes tipificados pela Lei nº 14.192/2021, que estabelece normas para prevenir e combater a violência política contra a mulher. Maquivalda destacou que as leis mais recentes criminalizam especificamente a distorção de imagens, manipulação de vídeo e alteração de voz para humilhar ou difamar, com penas que podem chegar a seis anos de prisão.
Casos já estão na Justiça
Documentos obtidos pelo Canal PBS mostram que a vereadora registrou boletins de ocorrência na Polícia Civil e ingressou com ações judiciais na 2ª Vara Criminal e na 2ª Vara Cível e Empresarial de Parauapebas. Entre os processos, há queixas por difamação e uso indevido de imagem, além de inquéritos em andamento com acompanhamento do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). Os autos citam inclusive o uso de vídeos manipulados e publicações ofensivas em redes sociais, apontando responsáveis ainda sob investigação.
Gestão Goiano Sob Crítica
A denúncia da vereadora direciona um olhar crítico à postura do Prefeito Aurélio Goiano. A parlamentar o questionou diretamente sobre o compartilhamento de “memes com o meu rosto” e desafiou-o a discutir políticas públicas “cara a cara”, em vez de “se esconder atrás de piadinhas”. A acusação de que os ataques circulam justamente nos perfis do Prefeito e de seus principais aliados — Zé da Lata e Léo Márcio — sugere um endosso tácito, ou até mesmo orquestrado, da gestão municipal à violência de gênero.
A situação em Parauapebas expõe uma grave fragilidade na democracia local, onde uma parlamentar eleita tem sua imagem e honra sistematicamente atacadas por exercer o dever de fiscalização. Os boletins de ocorrência (BOPs) e processos judiciais anexados demonstram que a vereadora tem buscado amparo legal contra os ataques desde maio de 2025, evidenciando que a escalada da violência não é recente.
O caso expõe mais um capítulo da crise ética e política dentro da gestão de Aurélio Goiano, marcada por denúncias de perseguição, manipulação de informação e uso indevido de estruturas públicas para atacar opositores. Se confirmadas as acusações, o episódio pode se tornar um dos maiores escândalos de violência política de gênero no Pará nos últimos anos.
A Câmara Municipal e a Justiça Eleitoral, assim como o Ministério Público, são agora cobrados a dar respostas efetivas diante das robustas evidências apresentadas pela vereadora, que apontam para uma prática recorrente e coordenada de violência política de gênero no município.
As informações foram divulgadas pela vereadora Maquivalda Barros durante a 31ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Parauapebas, realizada nesta terça-feira (21).
O discurso completo, com as denúncias e provas apresentadas pela parlamentar, está disponível no canal oficial da Câmara Municipal de Parauapebas no YouTube. (Veja aqui)







