A Equatorial Pará Distribuidora de Energia S.A., responsável pelo fornecimento de energia elétrica em Canaã dos Carajás, já recebeu R$ 22.191.053,90 da Prefeitura Municipal somente em 2025. Apesar desse faturamento milionário, o serviço prestado continua sendo alvo de revolta popular: oscilações diárias, apagões sem aviso, eletrodomésticos queimados e prejuízos a empresários locais.
Uma fortuna paga com dinheiro público
Os dados constam no relatório oficial de despesas do município entre 1º de janeiro e 8 de outubro de 2025, onde a Equatorial aparece como credora em mais de centenas de empenhos, incluindo cobranças de iluminação pública, consumo nas secretarias e prédios públicos, além de energia em escolas, postos de saúde e órgãos municipais. Apenas em um único programa — o “Ilumina Canaã” —, as parcelas superam R$ 1,1 milhão em dois pagamentos sucessivos. Enquanto isso, a conta de luz segue como uma das mais altas do Pará, e o serviço, um dos mais criticados.
Esses números, no entanto, representam apenas a fatia pública do faturamento da concessionária no município. Além da Prefeitura, a Equatorial lucra mensalmente com milhares de consumidores residenciais e empresariais, o que eleva o montante total arrecadado em Canaã a valores muito superiores.
Moradores relatam quedas constantes de energia e longas madrugadas no calor sem ventilador.
Casas perdem televisores, geladeiras e ventiladores por picos de tensão.
Empresários denunciam prejuízos com produtos perecíveis estragando por falta de energia.
E quando buscam atendimento, enfrentam filas e respostas vagas da empresa — muitas vezes apenas “protocolos” sem solução prática.
“É um absurdo. Pagamos caro, a prefeitura paga milhões, e ainda assim a cidade vive no escuro”, desabafa uma moradora do bairro Novo Horizonte.
Prefeitura e vereadores se calam
Mesmo sendo uma das maiores clientes da Equatorial, a Prefeitura de Canaã dos Carajás não adota medidas firmes para cobrar melhorias ou penalizar a concessionária, mantendo-se em silêncio enquanto os repasses seguem altos. Nenhum vereador apresentou projeto ou requerimento relevante para investigar as falhas da Equatorial, e tampouco há registro de ações judiciais ou administrativas contra a empresa.
A sensação entre os moradores é de abandono institucional: a população paga duas vezes — uma via impostos municipais e outra na fatura de energia — para receber um serviço que não funciona.
Promessas de “melhorias” não passam de marketing
Mesmo após seguidas notas divulgadas pela Equatorial prometendo reforço na rede elétrica e modernização de estruturas, as interrupções continuam em bairros como Vale dos Sonhos, Novo Brasil, Residencial Canaã e Vale Dourado.
Em alguns casos, moradores relatam ficar mais de 12 horas sem energia — sem retorno ou assistência adequada.
Enquanto isso, a empresa segue lucrando, e as autoridades seguem omissas.
Resumo dos fatos
Item | Valor ou Situação |
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Total pago pela Prefeitura à Equatorial em 2025 | R$ 22.191.053,90 |
Natureza dos gastos | Energia elétrica e iluminação pública |
Período analisado | 01/01/2025 a 08/10/2025 |
Responsáveis pela fiscalização | Prefeitura e Câmara Municipal |
Ações públicas contra a empresa | Nenhuma registrada |
Situação atual | Reivindicações de moradores e prejuízos econômicos |
Conclusão
A Equatorial Pará lucra alto com Canaã dos Carajás — tanto com o poder público quanto com a população —, mas entrega apagões, prejuízos e desrespeito. A Prefeitura de Canaã e os vereadores, que deveriam representar os consumidores e cobrar resultados, têm sido coniventes pelo silêncio.
Enquanto isso, o povo paga caro, sofre no calor e ainda ouve promessas vazias de um serviço que nunca melhora.