Em meio a problemas crônicos de infraestrutura, como esgoto a céu aberto, buracos nas ruas e serviços essenciais deficientes, a Prefeitura de Marituba direcionou mais de R$ 2,8 milhões para contratos de serviços de informática e tecnologia em 2025. A discrepância entre os altos investimentos em tecnologia e a falta de soluções para as necessidades mais urgentes da população levanta sérias questões sobre a prioridade da gestão pública e a aplicação dos recursos municipais.
Os documentos de despesas da prefeitura revelam um padrão de gastos volumosos com empresas de tecnologia, o que ganha um tom ainda mais preocupante à luz de investigações recentes. As operações Lifestyle, do Ministério Público do Pará (MPPA), e Expertise já expuseram esquemas de corrupção e desvio de verbas públicas na cidade, com foco justamente em contratos de informática e serviços.
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Detalhes das Despesas Municipais
Quatro empresas se destacaram nos pagamentos. A Santos Soluções Empresariais Eirelli recebeu o maior montante, R$ 1.503.314,77, por serviços de videomonitoramento com implantação em escolas municipais, como a E.M.E.F. Julia Freire de Souza e E.M.E.F. Emilia Clara de Lima.
A Locdesk Locação de Equipamentos e Soluções em Informática Ltda-ME foi paga em R$ 816.575,31 por locação de computadores e soluções de TI para as secretarias de Saúde e Educação.
A Simplex Informática Eireli recebeu R$ 325.067,70 por acesso à internet via fibra óptica para diversas pastas, incluindo a Prefeitura, o Fundo de Saúde e a Assistência Social.
Por fim, a C. Kzan EPP teve despesas somadas em R$ 550.523,98 por serviços gráficos para as secretarias de Educação e Saúde.
A concentração de recursos em contratos de tecnologia e serviços terceirizados expõe uma dependência milionária, justamente no setor que hoje é o alvo central das investigações.
Infraestrutura Ignorada em Meio a Gastos Tecnológicos
Enquanto a prefeitura investe milhões em videomonitoramento e equipamentos, a realidade de Marituba, especialmente em bairros mais afastados, é de abandono. Há relatos de esgoto correndo a céu aberto, falta de coleta de lixo em algumas áreas e a manutenção precária das vias, com buracos que dificultam o tráfego e colocam em risco a segurança de pedestres e motoristas.
O aterro sanitário de Marituba, que recebe lixo de Belém e Ananindeua, continua sendo um foco de poluição, mau cheiro e doenças respiratórias. Moradores convivem com mosquitos, ratos e esgoto correndo a céu aberto em várias comunidades. Em períodos de chuva, bairros como Uriboca e Parque São Pedro enfrentam alagamentos constantes por falta de drenagem e infraestrutura mínima.
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Nas unidades de saúde, faltam insumos, profissionais e manutenção. Pacientes enfrentam longas filas, e muitos bairros sequer contam com postos adequados de atendimento.
Essa disparidade sugere que os gastos com tecnologia podem estar sendo priorizados em detrimento de investimentos básicos, impactando diretamente a qualidade de vida da população. A falta de transparência e o histórico de corrupção na cidade exigem que os cidadãos e os órgãos de controle fiscalizem de perto cada centavo dos R$ 2,8 milhões investidos, garantindo que o dinheiro público não seja desviado para enriquecer ilicitamente, como indicam as investigações passadas.
Operações de Combate à Corrupção
Embora os documentos analisados não mencionem as operações, o alto volume de gastos em contratos de tecnologia ganha destaque em um cenário marcado por investigações.
A Operação Lifestyle, conduzida pelo Ministério Público do Pará (MPPA), teve como alvo a cúpula da Prefeitura de Marituba. A ação apura suspeitas de fraude em licitações, peculato, corrupção ativa e passiva, e associação criminosa, focando em contratos de informática da gestão municipal. As investigações apontaram para a simulação de contratos com empresas de tecnologia e informática, cujos serviços não eram totalmente prestados. Parte dos recursos, segundo o MPPA, era convertida em bens de luxo, como carros, imóveis e artigos de alto padrão, configurando uma ostentação de “estilo de vida” incompatível com a renda dos envolvidos, o que deu nome à operação.
Já a Operação Expertise foi outra ação significativa que mirou fraudes em contratos públicos na área de tecnologia e consultoria. As investigações revelaram a participação de empresas especializadas em simular a prestação de serviços para justificar o recebimento de verbas públicas. Os indícios apontaram para a formação de um cartel, no qual empresas dividiam contratos e superfaturavam serviços de forma coordenada, prejudicando a concorrência e o erário. O nome da operação, “Expertise”, faz referência à suposta especialização das empresas contratadas, que na realidade era utilizada para disfarçar o esquema de corrupção.
Ambas as operações têm conexão direta com o modelo de terceirização adotado pela Prefeitura de Marituba, levantando a suspeita de que parte dos contratos de informática possa estar inserida em esquemas de corrupção.
O quadro é claro: enquanto a população enfrenta lixo, esgoto e falta de saúde pública, a Prefeitura injeta quase R$ 3 milhões em tecnologia, sem resultados práticos visíveis para quem vive nos bairros. As investigações em curso colocam a gestão no centro de um escândalo que mistura abandono social, contratos milionários e suspeitas de corrupção.
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Fonte: Lista de despesas pagas em contratos de TI pela prefeitura de Marituba

Veja completo aqui: Santos Soluções Empresariais Eirelli

Veja completo aqui: Locdesk Locação de Equipamentos

Veja completo aqui: Simplex Informática Eireli

Veja completo aqui: C. Kzan EPP
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