Quatro entidades implicadas no escândalo da “Farra do INSS” — Contag, Sindnapi, Conafer e ABCB — foram citadas nos relatórios da CGU e nas investigações da Polícia Federal, mas não sofreram ações judiciais até agora.
Caducidade seletiva
O INSS excluiu essas entidades das medidas cautelares ajuizadas pela Advocacia-Geral da União (AGU), que bloqueou R$ 2,8 bilhões em bens de várias organizações envolvidas no esquema. A autarquia se esquiva de explicar por quê — mesmo diante do pedido formal via LAI respondido pela Liderança da Minoria.
Irregularidades brutas**
- A Contag foi a entidade que mais faturou do esquema: cerca de R$ 435 milhões até maio de 2024 e, segundo outra apuração, R$ 2,9 bilhões entre 2016 e 2023.
- O Sindnapi, com vice-presidente Frei Chico (irmão do presidente Lula), recebeu aproximadamente R$ 77,1 milhões — e não conseguiu comprovar filiação de associados em amostragem feita pela CGU.
- A Conafer viu sua arrecadação crescer ilegalmente — mais de R$ 100 milhões recebidos e salto expressivo no número de “filiados” durante a pandemia .
- A ABCB também esteve em evidência, embora menos detalhada nas reportagens, sendo mencionada entre as quatro poupadas.
Movimentação suspeita e favorecimento político?
O fato de o Sindnapi ser liderado por Frei Chico, irmão do presidente, não é coincidência — é simbólico. Não haver investigação ou ação até aqui soa, na prática, como sinal de impunidade seletiva.
INSS se justifica, mas isso não basta
Oficialmente, o INSS afirma que novas investigações ainda podem gerar ações judiciais “se surgirem elementos que justifiquem tal apuração”, e recorreu à Lei Anticorrupção para instaurar processos administrativos. Mas a sociedade exige transparência e resposta já, não só promessas de futuro.
É inaceitável que, em um esquema que causou prejuízos bilionários e afetou milhões de aposentados, haja entidades com indícios graves que ainda escapam da responsabilização. E mais grave: uma delas é administrada por parente direto do presidente. Isso não é política bonita — é política que fede a impunidade.