Polícia Federal desmantelou um esquema bilionário na Saúde do Pará com fortes vínculos ao governo Hélder Barbalho

Enquanto pacientes enfrentam filas e falta de insumos nos hospitais públicos, a alta cúpula da Saúde no Pará ostenta mansões, obras de arte milionárias e dinheiro escondido em caixas térmicas. A discrepância revolta a população.
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A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação S.O.S., deflagrada em 29 de setembro de 2020, que desmantelou um esquema de desvio de recursos bilionários na Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) do Pará, envolvendo figuras de destaque com ligação direta ao governo de Hélder Barbalho. As investigações revelam um cenário de corrupção com apreensões que incluem obras de arte avaliadas em R$ 50 milhões, R$ 750 mil escondidos em uma caixa térmica e uma mansão de luxo à venda por R$ 6 milhões.

O epicentro da trama, conforme as investigações, orbitaria em torno do ex-secretário de Saúde, Alberto Beltrame, e seu braço-direito, Peter Cassol. Além deles, o atual assessor jurídico do governador, Leonardo Nascimento, também figura nas apurações, levantando questionamentos sobre sua atuação, já que, além de manter cargo no governo, advoga para o próprio governador Hélder Barbalho.

Principais alvos

  • Alberto Beltrame, secretário de Saúde do Pará e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
  • Peter Cassol Silveira, ex-secretário-adjunto de Gestão Administrativa da Sespa, flagrado com R$ 750 mil em uma caixa térmica (cooler) na própria casa.
  • Leonardo Maia Nascimento, assessor especial do governador e sócio de escritório de advocacia que defende Barbalho — R$ 60 mil apreendidos em espécie em sua residência .

As informações indicam que a operação policial, que levou à exoneração de servidores e intensificou o escândalo, expõe a fragilidade da gestão de recursos públicos na área da saúde no estado. Enquanto as revelações se sucedem, o governador Hélder Barbalho tem mantido silêncio sobre o caso, em meio à crescente pressão por esclarecimentos.

Bens apreendidos e esquemas financeiros

  • Na mansão associada a Alberto Beltrame, mais de 300 obras de arte com valor estimado de até R$ 50 milhões foram encontradas, além de um anúncio de venda da propriedade por R$ 6 milhões.

A descoberta dos R$ 750 mil escondidos em uma caixa térmica em uma das propriedades investigadas tornou-se um dos símbolos mais chocantes da dimensão do esquema, sugerindo a tentativa de ocultação de valores ilícitos. A compra de obras de arte e imóveis de alto padrão sinaliza a lavagem de dinheiro proveniente dos desvios que deveriam ser destinados à saúde da população paraense.

Volume de recursos desviados

  • Investigações apontaram contratos superfaturados com organizações sociais (OSs) totalizando cerca de R$ 1,2 bilhão em um período entre agosto de 2019 e maio de 2020. Desse valor, aproximadamente R$ 310 milhões já haviam sido pagos quando as irregularidades vieram à tona.

Ações e acusações

  • Foram cumpridos 76 mandados de prisão temporária e cerca de 278 mandados de busca e apreensão, incluindo no gabinete do governador, conforme autorização do STJ, que indicou envolvimento direto de Hélder Barbalho no esquema.
  • O MPF e a CGU apontam crimes como fraude em licitação, peculato, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro, com penas que podem chegar a 60 anos de reclusão .
  • Em novembro de 2020, o Ministério Público do Pará pediu o afastamento liminar do governador, além do bloqueio de bens e quebra de sigilos, citando compra superfaturada de 400 respiradores por R$ 50 milhões, notoriamente inservíveis à resposta à pandemia da Covid‑19.

Situação atual

  • Com o avanço das investigações, servidores vinculados à Sespa foram exonerados às pressas, enquanto o governador manteve silêncio público nas fases iniciais da operação.
  • O assessor Leonardo Maia Nascimento permaneceu no cargo, apesar da apreensão de valores na sua casa e de seu escritório defender oficialmente Barbalho.
Sócio do escritório jurídico que defende Helder Barbalho, Leonardo Maia Nascimento foi encontrado com R$ 60.000,00. Ele havia assumido, em abril, o cargo de secretário-adjunto da SESPA, no lugar de Peter Cassol, com quem a PF encontrou R$ 750.000,00 reais.

O desmantelamento do esquema reforça a importância da atuação independente de órgãos como PF, MPF e CGU, mesmo em estruturas de poder. Os fatos comprovam que os mecanismos institucionais funcionam quando preservam sua autonomia técnica. A sociedade paraense e brasileira precisa acompanhar de perto os desdobramentos e exigir responsabilização plena dos envolvidos. A moralidade pública encontra respaldo na transparência. Pará precisa de saúde pública funcional – e impunidade não pode ser tolerada.

Ainda que este panorama remonte a 2020, os desdobramentos judiciais e administrativos ainda são relevantes hoje.

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