Quem é Flávio Gadelha?
O vereador Flávio Gomes de Souza, presidente da Câmara Municipal de Canaã dos Carajás, passou a adotar o nome político de “Flávio Gadelha” após estreitar vínculos com a prefeita Josemira Gadelha (MDB). A mudança, no entanto, não apagou seu passado: ele é formalmente citado na denúncia do Ministério Público como integrante do núcleo político de uma organização criminosa que atuava dentro da estrutura municipal.
Segundo o GAECO, Flávio participava de um esquema de corrupção institucionalizada, envolvendo empresários, secretários, vereadores e servidores públicos, com fraudes em contratos, pagamento de propinas, e uso de empresas de fachada para lavagem de dinheiro público.

As provas contra Flávio
O Ministério Público reuniu boletos pagos por terceiros, transferências bancárias suspeitas e áudios interceptados em que Flávio aparece cobrando repasses e utilizando codinomes como “bênção” para tratar de propina.
Entre os documentos:
- Recebimento de Propinas via Boletos: Flávio Gomes teria recebido propinas por meio de boletos pagos por empresas contratadas pelo município, como a CSP – Construtora Sul Pará, DMB Comércio de Alimentos e MADA Comércio de Materiais. Um exemplo concreto citado no documento é o pagamento de um boleto de R$ 7.743,00, emitido em nome de seu filho, Danilo, e quitado por uma das empresas sob investigação.
- Transferências Suspeitas e Codinomes: As investigações identificaram transferências bancárias suspeitas, incluindo um depósito de R$ 200 mil à empresa MADA, cujo sócio também foi denunciado. Para tratar das propinas, Flávio supostamente usava intermediários, contas de terceiros e o codinome “bênção”. Interceptações telefônicas o flagraram cobrando repasses e pressionando operadores do esquema.
- Operações ocultas com a CSP – Construtora Sul Pará e a DMB Comércio de Alimentos, todas fornecedoras da gestão municipal.
- Contratos Direcionados: O Ministério Público aponta que o presidente da Câmara teria recebido vantagens por meio de contratos direcionados, incluindo a locação de veículos por meio de empresas controladas por terceiros

O MPPA apontou que Flávio utilizava intermediários e contas de terceiros para ocultar a origem dos recursos recebidos.
Mais de R$ 1 Milhão em Repasses e Sociedade em Empresa Investigada
A denúncia do GAECO aprofunda ainda mais o envolvimento do vereador, revelando sua participação direta em negócios com o Poder Legislativo que ele próprio preside. O documento afirma que Flávio Gomes de Souza recebeu pelo menos
R$ 1.021.356,98 em repasses financeiros de apenas dois integrantes do núcleo empresarial que mantêm contratos de locação de veículos com a Câmara de Vereadores de Canaã dos Carajás.
Além dos recebimentos, a investigação descobriu que Flávio Gomes figurou como sócio fundador da empresa
Talismã Locações & Serviços Eireli, constituída ao lado de Jefferson Renan Pinheiro Lacerda (sobrinho de Gilvan da Van), ambos classificados pelo MP como integrantes da organização criminosa. Essa ligação direta o coloca não apenas como um suposto beneficiário de propinas, mas também como um participante ativo na estrutura empresarial do esquema.

Continua presidente da Câmara
Mesmo diante de denúncias gravíssimas, Flávio Gadelha não apenas permanece no cargo de presidente do Legislativo, como também é cogitado para permanecer no comando em 2025, com apoio direto da prefeita Josemira.
Nenhuma nota de repúdio foi emitida pela Câmara. Nenhum processo ético foi instaurado. Nenhum parlamentar cobrou seu afastamento. O caso, que deveria gerar crise institucional, virou silêncio conveniente entre os pares.
Aliança com a prefeita Josemira
A mudança de nome político para “Flávio Gadelha” foi interpretada como uma jogada estratégica para vincular sua imagem à da prefeita, como tentativa de blindagem eleitoral e institucional. Para analistas locais, essa aproximação demonstra que a prefeita optou por proteger aliados citados no escândalo ao invés de zelar pela ética pública.
A permanência de Flávio no comando da Câmara levanta um grave questionamento: qual a legitimidade de um Legislativo presidido por alguém formalmente denunciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro? O caso ameaça a confiança nas instituições e compromete a credibilidade do parlamento local.
O nome mudou, mas os métodos continuam?
A troca de nome político de Flávio Gomes para “Flávio Gadelha” não é apenas simbólica. Representa a tentativa de sobreviver politicamente em meio ao maior escândalo de corrupção já registrado em Canaã dos Carajás. O apoio da prefeita Josemira, o silêncio da Câmara e a inércia do sistema mostram que, em Canaã, a blindagem política vale mais que a integridade institucional.