Explosão de ‘aluga-se’ expõe crise no comércio de Parauapebas e derruba confiança no setor

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Quem circula pelas principais avenidas e ruas comerciais da cidade percebe rapidamente uma mudança no cenário: vitrines vazias, portas fechadas e um número crescente de placas de “aluga-se”. O comércio local, que já foi símbolo de pujança e crescimento econômico da região, agora vive um momento de retração silenciosa, afetado diretamente pela inflação persistente, alta nos custos operacionais e perda real do poder de compra da população.

Apesar dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontarem um saldo positivo de 311 empregos no setor comercial entre admissões e desligamentos, o dado esconde uma realidade preocupante: a alta rotatividade e a fragilidade das contratações. Segundo o relatório, foram 3.067 admissões e 2.756 desligamentos apenas no comércio de Parauapebas no período recente.

A matemática do Caged mostra mais admissões do que demissões, mas esse saldo positivo não representa expansão sólida do setor. Pelo contrário, reflete uma tentativa desesperada de muitos estabelecimentos de manter o funcionamento trocando funcionários por outros com salários mais baixos, contratos temporários ou jornadas reduzidas – estratégia comum em tempos de crise para reduzir despesas trabalhistas.

Essa movimentação mascarada por números positivos também evidencia o fechamento de empresas: o saldo é mantido graças à entrada de pequenos empreendimentos tentando ocupar o espaço deixado por outros que não resistiram ao custo fixo elevado – principalmente aluguel, energia e encargos trabalhistas. Muitos desses negócios duram pouco e reforçam o ciclo vicioso de instabilidade.

Inflação e custos operacionais sufocam o pequeno empresário

A inflação de alimentos, combustíveis e energia elétrica impacta diretamente o bolso do consumidor e, por consequência, o caixa dos comerciantes. Sem demanda aquecida, os estabelecimentos ficam presos entre aumentar preços e perder clientela, ou manter preços e absorver prejuízos.

A inadimplência também é outro fator que pressiona. Boa parte dos consumidores locais estão com o nome negativado, limitando seu poder de compra. O resultado é um comércio que, mesmo cheio de boas intenções e esforço empreendedor, não consegue manter-se competitivo ou rentável.

Um futuro incerto

O número de 311 empregos de saldo positivo no comércio deve ser lido com cautela. O dado isolado não capta a falência de dezenas de microempresas que fecharam discretamente suas portas nos últimos meses. Tampouco revela o esgotamento emocional e financeiro de comerciantes locais.

Sem políticas públicas claras de incentivo ao comércio, linhas de crédito acessíveis ou programas municipais de fomento, o setor pode continuar definhando. O crescimento urbano e populacional de Parauapebas exige mais que estatísticas positivas — pede ações estruturantes e apoio real aos pequenos negócios, que são os maiores empregadores da cidade.

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