A nova gestão da Prefeitura de Parauapebas, sob o comando do prefeito Aurélio Goiano (PL), começou com um ritmo de gastos explosivo: R$ 466,59 milhões pagos nos três primeiros meses de mandato. O dado alarmante é que desse total, R$ 142,33 milhões — o equivalente a 30,5% de tudo o que foi desembolsado — foram parar nas contas de apenas 20 empresas, segundo levantamentos com base no Portal da Transparência.
A campeã de faturamento no curto período é a OSS Aselc, que sozinha recebeu R$ 56,85 milhões por contrato. Logo atrás está a A & L Engenharia, com R$ 14,84 milhões. Em terceiro lugar no ranking aparece a Transcidade, responsável pela limpeza pública, que faturou R$ 8,73 milhões.
A maioria das empresas beneficiadas está ligada aos setores de construção civil, saúde e limpeza urbana, algumas delas organizadas em consórcios, o que facilita a conquista de contratos robustos via licitação ou até por dispensa dela — um ponto que tem gerado questionamentos judiciais e preocupação entre os órgãos de controle.
O que mais preocupa é o avanço acelerado do orçamento anual sem lastro na arrecadação. Do total pago, cerca de R$ 47,85 milhões são despesas de exercícios anteriores, sendo R$ 26,42 milhões da Secretaria de Obras (Semob), R$ 14 milhões da Saúde (Semsa) e R$ 4,47 milhões da Educação (Semed).
Ainda mais preocupante é o dado de que, além dos R$ 466 milhões pagos, o governo Goiano empenhou R$ 887,76 milhões — ou seja, compromissos firmados com fornecedores, que em breve terão que ser pagos. Isso significa que 37% de todo o orçamento previsto para o ano de 2025 (R$ 2,393 bilhões) já foi comprometido apenas no primeiro trimestre.
Receita menor que a despesa
A prefeitura arrecada atualmente cerca de R$ 200 milhões por mês, mas nem isso está garantido: em março, a receita líquida ficou abaixo dos R$ 175 milhões. A média de gastos mensais, por sua vez, está em R$ 295,92 milhões — um descompasso que acende um sinal vermelho sobre a saúde fiscal do município.
Com contratos milionários recém-assinados, muitos deles por adesão a atas e sem licitação competitiva, o governo corre o risco real de enfrentar dificuldades de caixa já nos próximos meses, especialmente após agosto, quando tradicionalmente ocorre uma queda nas transferências constitucionais e nos repasses da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral).
Caso o ritmo de gastos não seja contido e a arrecadação não aumente consideravelmente, fornecedores podem ficar sem pagamento, afetando diretamente os serviços prestados à população. A gestão de Aurélio Goiano, que chegou ao poder com discurso de eficiência e ruptura com práticas antigas, já enfrenta críticas por repetir vícios administrativos e orçamentários.
O levantamento mostra as 20 empresas que mais faturaram no período, com destaque para a OSS Aselc, que lidera o ranking com impressionantes R$ 56,85 milhões em apenas três meses. Veja os cinco maiores faturamentos:
OSS Aselc – R$ 56.852.000,00
A & L Engenharia – R$ 14.848.968,73
Transcidades – R$ 8.734.000,00
Consórcio Vitória – R$ 7.982.398,80
Laca Engenharia – R$ 7.211.000,00

O cenário exige transparência, planejamento e controle fiscal rigoroso. Sem isso, a promessa de transformação poderá ceder lugar a um colapso financeiro inédito na história recente de Parauapebas.