A educação em Eldorado do Carajás enfrenta um colapso, expondo uma gestão municipal que se mostra passiva e desconectada da realidade de seus cidadãos. Em um cenário onde a prefeitura se cala, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) é forçado a intervir para garantir o direito básico à educação, cobrando o envio de professores para comunidades rurais que estão há semanas sem aulas de disciplinas essenciais.
A promotora Daniela Gomes Fonseca, do MPPA, emitiu uma recomendação urgente à Secretaria de Educação (Seduc) para que disponibilize professores de física, matemática, biologia, química, educação física, português e inglês para o Sistema Modular de Ensino (SOME) nas vilas Castanheira, Gravatá, Viveiros e Gameleira. Esta ação judicial surge após a Seduc ignorar duas notificações anteriores, reforçando a percepção de omissão por parte das autoridades.
O Silêncio da Prefeitura e a Omissão Crônica
Enquanto a responsabilidade direta pelo SOME recai sobre a Seduc, a inércia da Prefeitura de Eldorado do Carajás é um fator crítico. A falta de articulação política e de uma resposta emergencial por parte da gestão municipal demonstra um grave descompromisso com a educação rural. A Secretaria Municipal de Educação foi notificada, mas, segundo o documento do MPPA, não apresentou qualquer plano ou iniciativa para resolver a situação, seja cobrando o Estado ou buscando soluções locais.
Essa omissão, que se soma à falta de políticas para valorização docente e à precariedade do transporte escolar, cria um ciclo de abandono que atinge os alunos mais vulneráveis. A atuação do MPPA não apenas busca resolver um problema pontual, mas também evidencia a falha crônica da administração local em fiscalizar e garantir o cumprimento de um serviço público fundamental.
Foco em Publicidade, Esquecimento da Sala de Aula
A situação levanta questionamentos sobre as prioridades da gestão municipal. Enquanto o governo local destina recursos para obras e publicidade, a sala de aula no interior do município permanece vazia. O caso de Eldorado do Carajás reforça a percepção de que a administração pública tem falhado em seu papel mais básico, deixando que a Justiça assuma a responsabilidade de garantir o mínimo — o futuro de crianças e adolescentes.
A ação do MPPA, que também encaminhou o documento ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, serve como um alerta claro: a educação no município só avança sob pressão judicial. Esta realidade é um retrato de uma gestão que se mostra incapaz de atender às necessidades da população e de cumprir suas obrigações constitucionais.